Aluna da medicina USP presa passou Réveillon em acampamento golpista em SP
Roberta Jérsyka Oliveira Brasil Soares, 35, estuda medicina na USP e está na lista de presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro —que resultaram na invasão e depredação dos prédios do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.
Registros nas redes sociais mostram que Roberta frequentava o acampamento golpista em São Paulo, montado em frente ao quartel na região do Ibirapuera, zona sul da capital, e passou o Réveillon no local, onde o grupo fez uma ceia.
- Roberta é formada em engenharia pela UFC (Universidade Federal do Ceará), estado onde vivia antes de se mudar para São Paulo.
- Ela é filha de um segundo-tenente do Exército, já falecido. A mãe dela recebe pensão militar.
- Desde setembro do ano passado, praticamente todas as postagens delas nas redes sociais são sobre política --uma delas envolvendo o presidente Lula foi classificada pela própria plataforma como fake news.
A última publicação da estudante foi em 6 de janeiro, quando ela completou 35 anos, durante um ato bolsonarista que bloqueou trecho da avenida 23 de maio, na zona sul de São Paulo.
No dia 30 de outubro, segundo turno das eleições, Roberta fez um vídeo lamentando a derrota do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e afirmando que a direita iria se unir para dar um "recado".
Que pena que o Brasil perdeu essa grande oportunidade, mas de forma alguma eu vou desejar mal para meu país, de forma alguma vou desejar que as pessoas que votaram ou que torceram para o mal do nosso país antes que se deem mal agora, porque somos um só povo. Essa eleição mostrou que realmente nossa sociedade está doente e a direita não vai agora ser desunida. A direita se levantou, e eu me sinto orgulhosa de ter sido corajosa no meio da universidade (...) Agora a gente vai se unir e vai dar nosso recado Roberta Jérsyka Oliveira Brasil Soares
Ela dizia que as manifestações contra o resultado das eleições eram pacíficas e convocava as pessoas a participarem.
"Essas pessoas não são desocupadas, elas estão abrindo mão de suas vidas porque sabem que esse momento é crucial, temos pouco tempo, elas, em que eu me incluo, estão lutando pelo país nosso e de vocês! Você vai esperar e ficar em casa? Sua presença é mais importante do que qualquer coisa", disse em uma das postagens.
Dados do Portal da Transparência mostram que Roberta recebeu benefícios sociais do governo federal, como Auxílio Emergencial, Bolsa Família, bolsa de iniciação científica e Auxílio Brasil —a última parcela deste foi depositada em novembro do ano passado, no valor de R$ 400.
A reportagem procurou a mãe da estudante, que também se chama Roberta, mas ela não quis se pronunciar sobre a situação da filha. Nas redes sociais, ela faz postagens carinhosas para a filha desde a prisão. "Minha filha, te aguardamos para te abraçar e te dizer te amamos", diz uma delas.
Nesta semana, outra estudante de medicina da USP foi destaque no noticiário —Alicia Müller, 25, admitiu em depoimento à polícia ter dado um golpe e desviado R$ 937 mil da comissão de formatura. As duas eram de turmas diferentes, segundo apurou o UOL. Roberta entrou na faculdade em 2020. Alicia, em 2018.
Ainda não há previsão de soltura de Roberta. Até o momento, o ministro do STF Alexandre de Moraes analisou a situação de 1.075 presos:
- 740 seguem detidos, agora em prisão preventiva;
- 335 poderão responder ao processo com a colocação de tornozeleira eletrônica e outras medidas;
- A previsão do STF de conclusão da análise dos casos dos detidos nos atos é até hoje.
Pelo menos mais quatro pessoas foram presas hoje em operação da PF hoje para identificar participantes, financiadores e fomentadores da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. A corporação disponibilizou email para receber denúncias sobre pessoas envolvidas nos atos golpistas: denuncia8janeiro@pf.gov.br.
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