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'Lei de Cotas não é mimimi e precisamos fortalecê-la', diz ministra Anielle

Colaboração para o UOL

26/01/2023 11h44

Em declaração ao UOL Entrevista de hoje, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse que fortalecer a Lei de Cotas será uma das prioridades de sua gestão na pasta, para mitigar as desigualdades existentes no país.

O que a ministra falou?

  • Anielle afirmou que "um dos pontos principais" do governo Lula (PT) é a lei de cotas;
  • Conforme a ministra, é preciso "fortalecer esse debate, porque não é só falar e mostrar dados", mas implantar medidas de fato efetivas;
  • Franco destacou que, "infelizmente, existe ainda uma parcela da população, que é mínima, que acredita que é mimimi quando a gente fala de cotas ou lei de acesso";
  • Entretanto, ela frisou que falar em políticas afirmativas vai muito além dessa percepção equivocada.

Políticas afirmativas vão muito além disso. Para além de garantir a entrada no ensino superior e no serviço público [de pessoas negras e pardas], é garantir a permanência dessas pessoas [nesses lugares]."

Lei de Cotas. Desde sua regularização, há 10 anos, a medida aumentou o percentual de negros, indígenas, estudantes de escola pública, pessoas com deficiência e de baixa renda no ensino superior e no serviço público.

A Lei de Cotas deve passar por uma revisão no Congresso Nacional a partir da próxima legislatura, que se tornou mais conservadora após o resultado das urnas em outubro de 2022.

Alguns parlamentares querem substituir as cotas raciais por cotas sociais, ou seja, os alunos que comprovem ser de baixa renda ou algum tipo de vulnerabilidade econômica ou social seriam contemplados em vez da questão racial.

Anielle Franco afirmou ser favorável ao debate de cotas sociais, mas quer a manutenção das cotas raciais.

Perder a Marielle foi como se um buraco abrisse no meu chão, diz Anielle

No UOL Entrevista, a ministra também falou sobre o assassinato de sua irmã, a vereadora Marielle Franco, em 14 de março de 2018, em um crime ainda sem solução.

Anielle afirmou que perder Marielle "foi um dos momentos mais difíceis" de sua vida, porque ela era uma de suas redes de apoio.

Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida. Quando eu perco a Mari é como se um buraco tivesse se aberto no meu chão porque ela era minha rede de apoio, tanto quanto minha mãe, meu pai, e me bateu aquele desespero e uma fragilidade enorme."

'O esporte me salvou e foi trampolim para a minha vida', afirma ministra

Nascida no Complexo da Maré, no Rio, Anielle Franco destacou a importância na sua vida do esporte, que serviu como um "trampolim" para ter acesso a oportunidades no Brasil, além de conseguir uma bolsa de estudos nos Estados Unidos.

O esporte salvou minha vida. Quando com 8 anos fui descoberta nas quadras da Maré, foi uma virada de chave que me permitiu maiores possibilidades. Consegui vários diplomas através do esporte. O esporte foi o trampolim total para minha carreira, minha vida, ser hoje a mulher que sou."

No Ministério da Igualdade Racial, Anielle quer tratar do tema como uma pauta transversal, interministerial, conversar com embaixadas, para democratizar o esporte e facilitar o acesso a bolsas escolares para fora do Brasil por meio do esporte.

Franco começou a jogar vôlei com apenas oito anos de idade e acabou se tornando jogadora profissional, passando por times como Vasco e Flamengo. Por sua atuação, ela conquistou uma bolsa para estudar nos EUA, quando tinha 16 anos.

Com as bolsas esportivas, a hoje ministra da Igualdade Racial estudou em diversas escolas americanas, como a Navarro College, a Luisiana Tech University, a North Carolina Central University e na Florida A&M University - as duas últimas consideradas instituições historicamente negras dos EUA.

Assista a íntegra da entrevista: