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Senado: Pacheco chega favorito à eleição, e Marinho capitaliza bolsonarismo

Rodrigo Pacheco e Rogério Marinho - Roque de Sá/Agência Senado e Clauber Cleber Caetano/PR
Rodrigo Pacheco e Rogério Marinho Imagem: Roque de Sá/Agência Senado e Clauber Cleber Caetano/PR

Do UOL, em Brasília

01/02/2023 04h00Atualizada em 01/02/2023 17h57

A poucas horas da eleição, o Senado chega ao dia da escolha do seu novo presidente com uma reprodução da polarização política pelo Brasil nos últimos anos. De um lado, está o atual presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem o aval de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De outro, o ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN), apoiado por Jair Bolsonaro (PL).

Pacheco desponta como favorito, segundo as contabilizações de votos de bastidores. Até o fim da noite de terça-feira (31), o placar de aliados era de 53 votos para o atual presidente contra 30 para o ex-ministro —são 81 senadores, mas as contas dos aliados não são precisas, pois tem indecisos e um terceiro candidato.

Caso vença a disputa, Pacheco deve dar espaço na Mesa Diretora a partidos que integram a Esplanada do Executivo petista, que tem chamado de "frente ampla e democrática", como MDB, PSD e União Brasil. O PL, sigla de Bolsonaro, deve ser isolado sem ter representantes no comando da Casa.

Ontem (31), o MDB anunciou o apoio formal a Pacheco e o líder da bancada, Eduardo Braga (AM), afirmou que tenta a unidade no partido. Contudo, entre os 10 senadores, há a expectativa de que nove confirmem a reeleição de Pacheco. A senadora Ivete da Silveira (SC) foi a única até o momento a declarar o voto em Marinho.

Já na Câmara, o cenário está mais consolidado com o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), com o apoio de ampla maioria da Casa.

Dissidências

Correndo para ampliar sua margem de apoiadores e "conquistar mais traições", o desempenho de Marinho servirá para atestar a resiliência do bolsonarismo após a derrota eleitoral e o grau de fidelidade de senadores que se elegeram sob seu apoio, mas que iniciam o mandato longe de sua sombra.

Só o PSD, partido de Pacheco com a maior bancada na Casa, já reúne três votos em Marinho entre os 15 senadores:

  • Nelsinho Trad (PSD-MS), ex-líder da bancada
  • Lucas Barreto (PSD-AP)
  • Dr. Samuel Araújo (PSD-RO)

Mesmo eventualmente derrotado, Marinho precisa do máximo de votos possíveis para se credenciar como porta-voz de um bloco composto pelos senadores eleitos Damares Alves (Republicanos-DF), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Marcos Pontes (Republicanos-SP) e sabe ter pouco tempo e espaço para se firmar como tal.

No Senado e na Câmara, a votação para a eleição dos presidentes das casas é secreta e, por isso, é temeroso cravar um resultado. Além disso, a presença de parlamentares do PL cresceu em ambas as Casas nas eleições de 2022.

Partidos que apoiam Pacheco:

  • PSD (16 senadores)
  • MDB (10 senadores)
  • PT (8 senadores)
  • PSB (4 senadores)
  • PDT (3 senadores)

Partidos que apoiam Marinho:

  • PL (13 senadores)
  • PP (6 senadores)
  • Republicanos (4 senadores)
  • PSDB (3 senadores)

Neutros:

  • União (10)
  • Podemos (4)

Para ganhar a eleição é preciso receber pelo menos a maioria absoluta dos votos (41). Se esse número não é alcançado, os dois candidatos mais votados concorrem em 2º turno.

Nos últimos dias, Marinho reduziu sua diferença de votos em relação a Pacheco, com uma ajuda de aliados de peso. Na noite de segunda-feira (30), o PL fez um jantar no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro discursou de forma on-line, dos Estados Unidos, onde está vivendo desde 30 de dezembro —ele viajou pouco antes do fim do seu mandato.

Marinho também intensificou uma campanha nas redes sociais para sua eleição. A estratégia, no entanto, tem pouco efeito prático, já que os votos dos senadores são decididos por acordos e alianças políticas.

Além de Marinho e Pacheco, a disputa para a presidência do Senado conta com um terceiro postulante: o senador Eduardo Girão (Podemos-CE). Menos competitivo, ele ainda pode desistir até a hora da eleição.

Para Lira, tanto faz, tanto fez

Já na Câmara, o cenário está mais pacificado, principalmente, devido às costuras que Lira fez desde o fim do segundo turno das eleições, onde conseguiu unir diversos partidos em prol de sua candidatura. Ele chega tranquilo à eleição desta quarta-feira (1º) e poderá dialogar com o seu par no Senado - seja ele Marinho ou Pacheco.

Há quem chame a ampla aliança formada pelo deputado alagoano de "coalizão Lira" que teve como principal desafio contemplar todas as bancadas que prometeram o voto a ele. Do PT de Luiz Inácio Lula da Silva ao PL de Valdemar da Costa Neto, diversas siglas apoiam sua reeleição. Mesmo com o clima de "já ganhou", Lira fez campanha intensa nas últimas semanas se reunindo com diversas bancadas da Casa.

Uma das estratégias, segundo fontes, para acomodar sua ampla coalização é apoiar um projeto para ampliar o número de comissões permanentes da Casa.

  • Presidente, Arthur Lira
  • 1º Vice-Presidente, Marcos Pereira (Republicanos-SP)
  • 2º Vice-Presidente, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
  • 1º Secretário, Luciano Bivar (União-PE)
  • 2ª Secretária, Maria do Rosário (PT-RS)
  • 3ª Secretária, Júlio César (PSD-PI)
  • 4ª Secretária, Lúcio Mosquini (MDB-RO)

Programação

A posse dos deputados e senadores eleitos tem início nesta manhã, já as eleições das mesas diretoras estão programadas para o meio da tarde, mas podem atrasar.

Após os eventos de 8 de janeiro, as polícias reforçaram a segurança do Congresso. O novo secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, disse ao UOL que, as eleições das Mesas do Congresso Nacional serão protegidas por tropas reforçadas. Segundo ele, o efetivo local - incluindo a polícias Militar e Civil - e das forças federais estará no local para evitar qualquer problema.

"Amanhã não tem quebra-quebra", disse Avelar à reportagem depois de sair da sede da Polícia Federal, na tarde de terça-feira (31). Ele é delegado da PF e integrou a direção da corporação na gestão anterior. O planejamento da segurança foi feito em duas reuniões na segunda-feira e hoje.

A ação de reforço na segurança envolve o Congresso, o STF (Supremo Tribunal Federal) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até quinta-feira (2). "Somente servidores, autoridades e convidados poderão acessar o espaço", informou o Governo do Distrito Federal. Porém, está previsto um ato público na Esplanada chamado Posse Popular, com 180 pessoas já cadastradas, incluindo mulheres indígenas.