Senadores bolsonaristas minimizam acusações de Do Val: 'Voltou atrás, né?'
Apontado como um dos líderes da oposição, o senador Rogério Marinho (PL-RN), que ficou em segundo lugar na disputa pela presidência do Senado, afirmou que é preciso avaliar melhor a acusação inicial de Marcos do Val (Podemos-ES) de que ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo "dar um golpe de Estado junto com ele".
Marinho atenuou a acusação após o próprio Do Val recuar na manhã de hoje sobre as afirmações que envolviam a suposta coação do ex-presidente. O plano golpista, segundo relatado pelo senador capixaba, partiu do ex-deputado Daniel Silveira (PL-RJ) e envolvia um grampo telefônico ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
"Parece que ele já voltou atrás [na versão], né?", minimizou o senador ao UOL, enquanto caminhava com a senadora e ex-ministra de Bolsonaro Tereza Cristina (PL-MS) pelo Salão Azul do Senado. "Ele disse que o presidente não estava envolvido", continuou Marinho. "Eu tenho que esperar. Toda hora ele diz uma coisa diferente."
Aliado do ex-presidente, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) também desconfiou da acusação. Ele contou à reportagem que estranhou o fato de Do Val, que não é do PL, ter proximidade suficiente para comparecer a uma reunião com Jair Bolsonaro.
"Se ele fosse do PL, ia fazer algum sentido para mim. Ele nem do PL é. É do Podemos", declarou o senador carioca.
Já Esperidião Amin (PP-SC), que também apoiou Bolsonaro nas últimas eleições, disse que a acusação tem "impacto", mas que era preciso aguardar.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente, afirmou que Do Val já havia relatado a ele uma situação semelhante, mas com outro enfoque.
"Ele [Do Val] já havia me relatado o que tinha acontecido, que seria trazido a público, mas numa linha de que essa reunião seria uma tentativa de um parlamentar de demover pessoas que estavam nesse encontro de fazer algo inaceitável, absurdo e ilegal", relatou o senador. O parlamentar não esclareceu se houve ou não esse encontro entre Val e Jair Bolsonaro.
Mesmo na base aliada de Lula, há receios com declarações de Marcos do Val. Um senador do MDB ouvido pela reportagem disse que é preciso ter cautela porque não seria a primeira vez que o parlamentar do Podemos muda de versão sobre temas controversos. O senador pregou cautela e afirmou que era melhor aguardar o depoimento do senador capixaba à Polícia Federal.
Um aliado de Lula do PSD disse que também preferiria aguardar para ter certeza sobre o que realmente aconteceu antes de avaliar o que fazer. Já um petista considerou o tema "grave" e o outro apostava crer que Marcos do Val teria gravado Jair Bolsonaro.
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