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Nos EUA, Bolsonaro diz não saber o motivo de o 'Brasil ir para a esquerda'

Viníncius Nunes

Colaboração para o UOL, em Brasília

03/02/2023 20h45Atualizada em 03/02/2023 20h57

Em evento ultraconservador nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou o governo Lula (PT) dizendo que o futuro do país é "sem emprego, sem picanha e sem cerveja". As declarações aconteceram hoje, no Turning Point USA, na Flórida.

Ao ser perguntado sobre a situação do Brasil depois de sua derrota nas urnas em 2022, Jair Bolsonaro disse que o Brasil "ia muito bem" e que não entende o porquê de o país "ir para a esquerda".

Neste momento, o público, cerca de 100 apoiadores de verde e amarelo, começou a gritar contra as urnas eletrônicas e entoar "fraude, fraude, fraude". O anfitrião do evento, Charlie Kirk, disse: "Isso soa familiar", se referindo à vitória de Joe Biden e as acusações de fraude eleitoral do ex-presidente norte-americano Donald Trump.

"Criamos em 2022 mais de 200 mil empregos por mês. Em dezembro, com o outro governo assumindo, nós perdemos 400 mil empregos. Em janeiro teremos uma grande perda (...). Sem emprego, sem picanha, sem cerveja", disse o ex-presidente.

Apesar de o Brasil ter fechado 2022, último ano do governo Bolsonaro, com um saldo positivo de 2,038 milhões de empregos formais, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o número foi 26,6% menor do que o observado no ano anterior, quando o país ainda retomava a economia após o auge da pandemia da covid-19.

Bolsonaro também comparou os ministros de sua gestão com os de Lula. Disse que para fazer uma avaliação do governo é necessário apenas comparar as duas equipes ministeriais.

Na apresentação do evento, o anfitrião Charlie Kirk citou a "boa economia e a queda dos crimes" no Brasil durante o governo anterior. E chamou Bolsonaro de "um dos principais combatentes contra o mal, o socialismo e o marxismo".

Discurso para ultraconservadores. O evento que Bolsonaro participou foi realizado pela Turning Point USA, uma organização de direita e ultraconservadora baseada na Flórida, Estados Unidos. O anfitrião, Charlie Kirk, responde a uma investigação por ligação com o ataque ao Capitólio, em janeiro de 2021.

Kirk também é o criador do projeto "Professor Watchlist", que prega a perseguição de professores nas escolas sob a justificativa de combater uma suposta propaganda esquerdista aos alunos.

O evento foi gratuito, mas todos os presentes tiveram que passar por um cadastro e ter o registro aprovado —inclusive jornalistas.

O banner que promoveu a palestra mostrava uma foto de Jair Bolsonaro com a faixa presidencial e o identifica ainda como "presidente".

Promotor de evento tem ligação com ataque ao Capitólio

Kirk é investigado por uma possível ligação com o financiamento do ataque ao Capitólio, tentativa de extremistas de direita de impedir que a vitória de Joe Biden contra Donald Trump fosse oficializada pelo Congresso.

Dois dias antes da invasão à sede do congresso americano, Kirk publicou no Twitter uma mensagem em que se colocava como um dos responsáveis por financiar a ida de 80 ônibus com extremistas para Washington. Ele apagou a mensagem após a repercussão dos ataques.

Bolsonaro nos EUA

O ex-presidente deixou o Brasil em 30 de dezembro de 2022 quando se instalou na casa do lutador de MMA José Aldo, em Orlando. Ele deixou o imóvel na última terça-feira (31) e está agora em outra casa na mesma cidade.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro voltou ao Brasil na semana passada em um voo comercial com destino a Brasília. Na segunda-feira (30), ela foi a um jantar do PL e colocou Bolsonaro no viva voz do telefone.