Garimpeiros impedem entrega de alimentos na terra yanomami, diz Guajajara
A Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse que o território yanomami permanece 'tomado' por garimpeiros. Após uma visita ao território indígena, em Roraima, nesta segunda (6), Sonia lamentou a destruição e a contaminação da área, além da dificuldade em viabilizar alimentos aos yanomamis que vivem no local.
O governo avançou contra os garimpeiros neste último final de semana. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse hoje mais cedo que a expectativa é a de que 80% das pessoas envolvidas com garimpo ilegal deixem o local até o sábado (11).
Sonia Guajajara disse, em coletiva de imprensa realizada após a visitação, que não conseguiu pousar em duas localidades para entregar alimentos por conta da insegurança.
A Funai informou que há relatos de casos de violência de garimpeiros contra indígenas em algumas comunidades dentro do território yanomami. Por essa razão, o fornecimento de alimentos nesses locais foi interrompido para justamente "preservar" os indígenas.
Já sabendo da determinação para retirada deles, os garimpeiros estão fugindo dos garimpos menores e se concentrando nos maiores. Estão ficando todos juntos. Até as cestas básicas, estamos com dificuldade de entregar, porque tem, inclusive, o risco de que eles possam oferecer objetos em troca do alimento, uma vez que por ali também já está sendo inviabilizada a chegada de alimentos para eles."
A ministra também afirmou que a situação de higiene e de transporte de alimentos é precária pela invasão garimpeira. "Território está todo tomado pelo garimpo. Não dá para diferenciar o que é a comunidade indígena e o que é área de garimpo. Nem água para beber tem", disse Sonia Guajajara.
Agora, a prioridade do governo Lula (PT) será a de aumentar a segurança nos postos da Funai e nos centros de saúde que prestam assistência aos indígenas.
Vídeos mostram dezenas de garimpeiros fugindo do território com a iminência da aproximação das polícias.
Crise humanitária
Hoje, uma criança indígena yanomami de 1 ano e 5 meses morreu em surucucu com quadro grave de desnutrição e desidratação. Ela aguardava transferência para Boa Vista, mas não resistiu.
Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, 570 crianças yanomamis de idade de até 4 anos morreram entre 2019 e 2022.
A crise humanitária fez com que o governo Federal decretar estado de calamidade pública em 20 de janeiro.
Dino, José Múcio (Defesa) e os comandantes das 3 forças devem visitar o território yanomami ainda nesta semana. A viagem está prevista para quinta-feira (9).
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