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Com militares, governo começa retirar 15 mil garimpeiros de área yanomami

Garimpo ao lado da comunidade Homoxi, na terra indígena Yanomami - Bruno Kelly/ISA
Garimpo ao lado da comunidade Homoxi, na terra indígena Yanomami Imagem: Bruno Kelly/ISA

Do UOL, em Brasília

06/02/2023 12h53Atualizada em 06/02/2023 15h23

O governo Lula (PT) começa nesta semana a megaoperação de retirada de garimpeiros ilegais na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O ministro da Defesa, José Múcio, vai ao estado na quarta-feira (8) para coordenar a iniciativa junto aos comandantes das Forças Armadas.

A gestão petista avalia que existam ao menos 15 mil garimpeiros ilegais no local, mas o número pode chegar a 40 mil. A redução a zero da exploração ilegal em terra indígena —que explodiu sob o governo Jair Bolsonaro (PL)— é uma das principais promessas de campanha de Lula.

As informações foram confirmadas ao UOL pelo Ministério da Defesa e fontes da Casa Civil. Estima-se que, na previsão mais otimista, a megaoperação dure no mínimo dois meses, mas as Forças Armadas já se preparam para um período maior.

Fuga de garimpeiros. O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou hoje que garimpeiros têm saído da região, mas que o governo está investigando os financiadores dessa atividade ilegal.

Há monitoramento, sim, deste fluxo de saída. Nossa previsão é de que esse fluxo aumente nos próximos dias, ou seja, que mais pessoas saiam. Nós estamos na expectativa de que, quando do início das ações policiais coercitivas, já tenhamos pelo menos 80% deste contingente de 15 mil pessoas que saíram do território yanomami desde a semana passada e ao longo dessa semana.
Flávio Dino, ministro da Justiça

Dino chamou a situação de "afastamento compulsório" e disse que as ações da pasta estarão voltadas à apreensão e destruição de equipamentos e de pistas clandestinas de pouso de aeronaves.

Segundo ministro, a ação "pode envolver a prisão em flagrante" de pessoas.

Oficialmente, o governo tem evitado dar detalhes sobre como irá proceder contra os garimpeiros para evitar fuga, reação e acobertamento dos crimes.

No entanto, já há relatos de fuga por parte dos criminosos desde a semana passada, inclusive com vídeos em redes sociais. Isso foi intensificado após os bloqueios aéreos e fluviais decretados por Lula.

Na última segunda (30), o presidente assinou um decreto em que autorizava a Aeronáutica a controlar o espaço aéreo sobre o território indígena Yanomami.

Interdição de aviões do garimpo. Aviões e equipamentos de apoio à mineração ilegal poderão ser interditados por agentes da PF (Polícia Federal), do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) e de demais órgãos do governo, nos casos em que forem constatadas atividades ilícitas.

Ao todo, o território yanomami tem cerca de 96 mil m² e, por razões óbvias, não há um número exato de quantos invasores exploram o local ilegalmente. A estimativa mínima é de 15 mil pessoas, mas pode ser 40 mil.

Múcio chega na quarta para marcar o início da ação, junto ao general Tomás de Paiva (Exército), ao brigadeiro Marcelo Damasceno (Aeronáutica) e ao almirante Marcos Sampaio Olsen (Marinha).

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse hoje que determinou o deslocamento de mais cem agentes da Força Nacional para Roraima para proteger bases da Funai e postos de saúde.

Trata-se da transição para uma segunda fase da operação na região, segundo o ministro.

A remoção dos garimpeiros de terras yanomamis é uma meta antiga de Lula. Na última semana, durante encontro com o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, ele reforçou a promessa à imprensa internacional.

Decidimos tomar uma decisão: parar com a brincadeira. Não terá mais garimpo. Se vai demorar um dia ou dois, eu não sei. Pode demorar um pouco, mas que nós vamos tirar, vamos.
Lula, na semana passada