EUA sinalizam US$ 50 mi ao Fundo Amazônia, e valor decepciona governo Lula
Após reunião entre os presidentes Lula e Joe Biden, os Estados Unidos confirmaram hoje que vão contribuir com o Fundo Amazônia. Os EUA acenam, a princípio, com uma doação de US$ 50 milhões (R$ 261 milhões), quantia que decepcionou a delegação brasileira no encontro.
Além de fazer o aporte ao fundo, o governo americano também pretende convidar os países do G7 — Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido — a darem apoio. A Alemanha, outro país que integra o grupo, já contribui com o fundo.
A adesão norte-americana, porém, não será imediata. Em uma nota conjunta publicada pelos dois países, as explicações sobre o envolvimento são esclarecidas e fica evidente que Biden precisa ainda de uma aprovação para liberar recursos.
O UOL apurou que ficou estabelecido que John Kerry, enviado especial da presidência para o clima dos EUA, vem ao Brasil ainda este mês para detalhar a forma pela qual o dinheiro vai chegar.
Os Estados Unidos anunciaram sua intenção de trabalhar com o Congresso para fornecer recursos para programas de proteção e conservação da Amazônia brasileira, incluindo apoio inicial ao Fundo Amazônia, e para alavancar investimentos nessa região muito importante"
Nota conjunta publicada por Brasil e EUA após o encontro entre Lula e Biden
Já membros da delegação brasileira ouvidos pelo UOL esperam que as ações bilaterais nos próximos meses convençam os americanos a ampliar o volume.
Ainda que muitos dentro do governo tenham estranhado o montante oferecido pelos americanos e o fato de Biden sequer tenha feito um anúncio formal para a imprensa sobre o valor, o Itamaraty insistiu que a participação americana é "histórica" e que o Brasil deve considerar o aceno como uma vitória diplomática.
Na declaração conjunta, o Brasil também conseguiu dos americanos um reconhecimento do protagonismo do país. "Ambos os líderes estão determinados a conferir urgente prioridade à crise climática, ao desenvolvimento sustentável e à transição energética. Reconhecem o papel de liderança que o Brasil e os EUA podem desempenhar por meio da cooperação bilateral e multilateral", disse a nota.
Outra iniciativa dos dois presidentes foi a de retomar mecanismos de consulta bilateral em temas ambientais, que tinham sido criados em 2015 e enterrados no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O grupo, segundo o comunicado, vai se reunir "com a maior brevidade possível, com vistas a examinar áreas de cooperação, como combate ao desmatamento e à degradação, reforço da bioeconomia, estímulo à implantação da energia limpa, fortalecimento de ações de adaptação e promoção de práticas agrícolas de baixo carbono".
Viagem à África
Questionado por uma jornalista sobre os planos do governo para a relação com a África, Lula anunciou que pretende visitar Angola, África do Sul e Moçambique, "numa demonstração de que o Brasil vai reatar a sua forte relação com o continente africano".
Segundo o presidente, o Brasil tem "uma obrigação histórica e humanitária" de manter cooperação com os países do continente.
É uma dívida que não pode ser paga em dinheiro, ela tem que ser paga em troca, de ciência e tecnologia, em ajuda que o Brasil pode dar do ponto de vista do desenvolvimento em várias áreas"
Lula, sobre a relação entre o Brasil e os países africanos
Guerra na Ucrânia
Em outro trecho da entrevista coletiva, Lula falou sobre os planos do Brasil para a guerra entre Rússia e Ucrânia, que completará um ano em fevereiro.
Lula reforçou que tem proposto, especialmente a líderes europeus, a criação de um grupo de países não envolvidos com a guerra, que ajudem a mediar o fim do conflito. A sugestão foi conhecida como "clube da paz".
Eu estou convencido que é preciso encontrar uma saída para colocar fim a essa guerra, e eu senti da parte do presidente Biden a mesma preocupação, porque ninguém quer que essa guerra continue
Lula, sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia
Biden exalta democracias dos EUA e do Brasil
O presidente dos EUA não concedeu entrevista após encontro com Lula. Mais cedo, durante o momento público da reunião entre os dois no Salão Oval, Biden comentou que as democracias do Brasil e dos EUA "foram duramente testadas e prevaleceram".
Nossas duas nações são democracias fortes e foram duramente testadas e prevaleceram. Em ambos os casos a democracia prevaleceu. Biden a Lula
Com a presença de jornalistas no Salão Oval, Biden ainda reafirmou o que teria dito em janeiro a Lula sobre o apoio à "livre vontade do povo brasileiro".
Em resposta a Biden, Lula agradeceu o apoio do presidente dos Estados Unidos e disse que o "Brasil ficou quatro anos se automarginalizando", em crítica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O presidente brasileiro ainda ressaltou que ambas as nações atuem "juntas para nunca mais permitir que haja um novo capítulo do Capitólio e que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil, a invasão do Congresso Nacional, palácio do presidente e da Suprema Corte".
Reunião durou mais do que o planejado. O encontro entre membros dos países, que era previsto para durar cerca de uma hora, se prolongou por mais tempo do que se esperava. Apenas o diálogo bilateral entre os dois presidentes durou 50 minutos, e num segundo momento, a reunião com todos os ministros levou mais 45 minutos. Quando Biden se encontrou com Bolsonaro, a duração total foi de 45 minutos.
Jill Biden não compareceu a encontro. Acompanhou o petista na agenda a sua esposa, Janja. Biden não estava acompanhado da primeira-dama norte-americana, Jill, que se sentiu mal ao longo do dia.
Ela se sentiu mal pela manhã, fez exame para covid-19, com resultado negativo, e não participará dos eventos programados para hoje"
Casa Branca, em nota sobre Jill Biden
Ao UOL, o Palácio do Planalto informou que a norte-americana avisou pela manhã que faltaria à agenda.
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