Bolsonaro demitiu chefe da Receita Federal um mês após apreensão de joias
O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) demitiu o então secretário da Receita Federal José Tostes pouco mais de um mês após as joias de R$ 16,5 milhões, presenteadas pela Arábia Saudita a Michelle Bolsonaro, ficarem retidas no aeroporto de Guarulhos.
O que aconteceu?
- As joias foram apreendidas em 26 de outubro, Tostes saiu da Receita oficialmente no dia 8 de dezembro --41 dias de diferença;
- Ele foi substituído por Julio Cesar Vieira Gomes, que ganhou um cargo em Paris um dia depois de enviar ofício tentando recuperar as joias;
- Há registros de que, antes da demissão, o governo já havia tentado reaver as joias ao menos duas vezes, enviando pedidos, não atendidos, via Ministério de Minas e Energia. A informação foi revelada pelo Estadão e confirmada pelo UOL.
Outros fatores também pesaram para a demissão de Tostes. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro estava pressionando pela indicação de um nome de sua preferência para a corregedoria-geral da Receita, que investigava o senador e filho do presidente Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das "rachadinhas".
Além disso, os servidores estavam insatisfeitos com a gestão. Em novembro de 2021, os auditores aprovaram uma entrega nacional de cargos em protesto contra o secretário, que não convocava novos concursos públicos e não implantou plano de trabalho remoto durante a pandemia.
Entenda o caso das joias
- Bolsonaro tentou receber de forma ilegal um conjunto de joias avaliado em 3 milhões de euros (R$ 16,5 milhões). As peças seriam um presente do governo da Arábia Saudita.
- Os itens foram encontrados na mochila de um assessor do governo e foram retidos pela alfândega no aeroporto internacional de Guarulhos (SP), porque a lei obriga a declaração de bens com valor superior a mil dólares vindos do exterior
- O governo poderia ter recebido as joias como um presente oficial. Nesse caso, porém, os bens ficariam para o Estado, e não para a família Bolsonaro.
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