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Coronel diz que golpistas viviam mundo paralelo: 'Pessoa disse que era ET'

Do UOL, em São Paulo

16/03/2023 12h22Atualizada em 16/03/2023 16h28

O coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-chefe do Departamento Operacional da PM-DF, disse que bolsonaristas acampados no QG do Exército em Brasília viviam "em um mundo paralelo".

O que aconteceu:

  • Manifestantes só consumiam as informações que eram geradas e divulgadas no acampamento. Segundo Naime, eles estavam "na bolha".
  • O coronel é acusado por omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro. Ele presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do DF.
  • Naime alegou que as informações que chegavam pela inteligência das forças de segurança eram que o movimento golpista perdia força. Acreditava-se que, com a posse de Lula, o acampamento iria naturalmente acabar.

'Máfia do Pix' atuava em acampamento golpista em Brasília. Segundo Naime, havia comércio ilegal no local, com tendas que eram alugadas por até R$ 600 para que ambulantes as usassem durante o dia. "Tínhamos denúncias da 'máfia do Pix', que eram várias lideranças dentro do acampamento. Não temos [nomes dessas pessoas], mas elas ficavam no acampamento e era o tempo inteiro pedindo para as pessoas que estavam ali que fizessem Pix para manter o acampamento."

Desentendimento entre bolsonaristas. "Uma grande discussão que tinha era de um grupo querendo descer para Esplanada [no dia 8] e outro grupo ficar em frente ao Quartel. E a discussão dos que queriam descer, contra os que queriam ficar, era justamente essa questão do Pix."

Coronel alegou que Exército impediu tentativas de conter o ato golpista e que em um episódio foi inclusive retirado do Setor Militar. "Fui acessar a área onde toda a população estava acessando, fardado, com patrulheiro do lado, mas fui abordado por um soldado que botou a mão no meu peito, me proibiu de entrar, chamou o GSI, a comando do capitão Roma. A população veio correndo, veio um sargento me apontando o dedo na cara, me mandando sair, a população começou a me xingar e fui colocado para fora."

Escutei relatos que falei: 'Não é possível que essa pessoa está me falando isso'. Teve uma pessoa que me abordou um dia e falou para mim que era um extraterrestre, que estava ali infiltrado e, assim que o Exército tomasse, os extraterrestres iam ajudar a tomar o poder."
Coronel Jorge Naime

Jorge Eduardo Naime Barreto - Divulgação/PM-DF - Divulgação/PM-DF
Jorge Eduardo Naime Barreto
Imagem: Divulgação/PM-DF

Por que ele foi preso?

  • Naime Barreto foi preso em fevereiro por suspeita de omissão antes e durante as invasões às sedes dos Três Poderes após ter sido afastado do Departamento Operacional da PM-DF no dia 10 de janeiro.
  • O coronel retardou propositalmente a linha de contenção da PM, segundo o ex-interventor da Segurança Pública do Distrito Federal Ricardo Cappelli.
  • Capelli disse ter visto com os "próprios olhos" os comandados por Naime Barreto avançando "lentamente" contra os golpistas.