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Incinerar medicamentos é ato de improbidade e desumanidade, diz ex-ministro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/03/2023 09h58

José Eduardo Cardozo classificou como "ato de improbidade e desumanidade" a incineração de medicamentos de alto custo destinados a pacientes com doenças raras durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista ao UOL News nesta quinta, o ex-ministro da Justiça criticou a má gestão do caso.

É ato de improbidade, de desumanidade e, provavelmente, criminoso. Gastar dinheiro público dessa forma e privar pessoas de receber medicamentos por negligência... Isso é desumano, cruel. É dinheiro público. São pessoas que estão morrendo porque esses medicamentos não são entregues. Alguém pode dizer que havia remédios suficientes. Então compraram a mais? Tem corrupção por trás? Isso é outra coisa que precisa ser colocada em pratos limpos. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça

Cardozo lembrou que a gestão Bolsonaro foi marcada por irregularidades no Ministério da Saúde - como na compra da vacina Covaxin e ao deixar vencer 39 milhões de imunizantes no combate à covid-19. O ex-ministro cobrou uma investigação minuciosa do caso da incineração dos remédios de alto custo, já que pode haver indícios de corrupção na aquisição destes medicamentos.

Ou é uma negligência caracterizadora de uma situação de improbidade, de desmando, e que exige uma responsabilização, ou é algo pior: compraram a mais porque havia algo mais a receber por essa compra. Já houve problemas no Ministério da Saúde de gente querendo negociar acima do preço, superfaturado. Alguma coisa está errada. Ato ilícito, tem. Uma coisa grave aconteceu. A sociedade brasileira tem que exigir e cobrar uma punição severa. Não há saída boa para um caso como esse. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça

Ex-ministro: Eduardo Bolsonaro destila preconceito ao falar de Dino na Maré

José Eduardo Cardozo repudiou as declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre a ida do ministro da Justiça Flávio Dino ao Complexo da Maré. O ex-ministro da Justiça apontou que a fala do parlamentar foi preconceituosa ao associar a camada pobre da população à criminalidade.

É triste o preconceito que pessoas que governaram o país têm em relação com comunidades mais pobres. Por que quando vai a um bairro rico o senhor Eduardo acha que as pessoas podem ir com padrão de segurança menor? Com pobres tem que elevar a segurança? Que preconceito, que coisa triste, torpe. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça

Ibaneis teve culpa grave no 8/1, mas não a má-fé de Torres, diz ex-ministro

Ao analisar o retorno de Ibaneis Rocha (MDB) ao governo do Distrito Federal, Cardozo comparou a responsabilidade dele à de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública e ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, nas falhas de segurança durante os atos golpistas de 8 de janeiro.

O afastamento [de Ibaneis] era necessário para a apuração de certos fatos e me parece correta a volta dele ao cargo. Esse crime que supostamente ele cometeu exige o dolo, a má-fé. Muitas vezes a distinção entre culpa, negligência, imprudência, imperícia e má-fé é muito tênue. Tudo indica que houve uma culpa grave do Ibaneis, mas não a má-fé de engendrar aquela situação. Coisa diferente do que parece se colocar com Torres. O governador resolveu namorar com o perigo quando o nomeou. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça

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