Lula cobra agilidade de ministros para mostrar resultados em 100 dias
O presidente Lula (PT) tem cobrado mais agilidade de seus ministros para a entrega de resultados concretos. O plano é ter um conjunto robusto de conquistas a apresentar nos cem primeiros dias de governo, a serem completados em 10 de abril.
De acordo com pessoas próximas ao Planalto, não haverá boa vontade com o governo com uma retomada mais lenta da economia, o que tem feito com que o presidente aumente a pressão sobre a chefia das pastas.
As cobranças de Lula têm acontecido tanto nas reuniões setoriais quanto nas individuais e, às vezes, publicamente.
Segundo pessoas que convivem com ele há anos —algumas das quais tendo chegado a participar dos encontros—, essa ânsia por trazer o que Lula tem chamado de "resposta à confiança do povo brasileiro" tem deixado o presidente "mais ansioso do que nunca".
Sem levantar a voz ou ser grosseiro, mas com um estilo incisivo, Lula cobra mais que apenas ideias. Quer projetos e soluções a serem apresentadas a curto prazo.
Tenho certeza de que, mesmo aquilo que a gente não conseguiu anunciar, a gente vai anunciar em breve, porque está todo mundo trabalhando para criar as condições dos anúncios que nós queremos fazer. Nós não temos muito tempo para ficar pensando o que fazer, temos que começar a fazer."
Lula em reunião ministerial nesta semana
Segundo relatos, a pressão fica mais evidente em alguns raros, porém existentes, momentos de tensão nas falas do presidente.
Em uma reunião com a área social, na última terça (14), ele deu uma bronca pública nos ministros, afirmando que os projetos tinham de passar pela Casa Civil antes de serem anunciados. Ele afirmou que não quer "proposta de ministro", mas "de governo".
Qualquer genialidade que alguém possa ter, faça, por favor, antes uma reunião com a Casa Civil, para que ela discuta com a Presidência as possibilidades, para que a gente possa, depois, chamar o dono da genialidade e criar as condições para a política anunciada."
Lula em bronca a ministros
Outra avaliação do governo é que a narrativa de "herança maldita" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai perdendo força à medida que a atual gestão avança.
Lula deve seguir mostrando as dificuldades com que assumiu o país, mas já diz a aliados que não basta apenas responsabilizar o adversário.
A culpa dos juros
Uma das principais preocupações do presidente é a taxa de juros, atualmente em 13,75%. O Banco Central deve segurá-la nessa faixa ao máximo, o que desagrada a Lula.
Ele tem repetido que não é possível crescer com "quase 14%" de juros e que isso invariavelmente atinge os mais pobres.
O governo vê uma recuperação mais lenta da economia. E, se não consegue resolver tão rapidamente essa questão, ele quer mostrar o quanto tem feito.
O governo quer fazer um grande evento para a marca de 100 dias. O plano é que cada ministério apresente avanços em suas áreas.
[Quero falar do] orgulho que tenho [dos ministros] pela capacidade de execução das tarefas que foram determinadas na comissão de transição, que determinou que, em cem dias, a gente pudesse fazer a primeira grande avaliação do nosso governo e aquilo que nós tínhamos colocado em prática."
Lula em reunião ministerial nesta semana
As apresentações podem ser projetos já entregues ou retomados, além do lançamento de novas iniciativas, como:
- A retomada do Minha Casa, Minha Vida pela Casa Civil e pelo Ministério das Cidades, com entrega de mais de 3.000 unidades, ou da reconstrução de rodovias federais paralisadas, por Transportes.
- A volta do Bolsa Família pelo Ministério do Desenvolvimento Social, com novos valores e recadastramento de cidadãos, com intuito de fazer um pente-fino entre os beneficiários.
- O aumento da verba para a merenda nas escolas e das bolsas para pesquisadores e estudantes, pelo Ministério da Educação.
- O plano do novo PAC, com foco em PPPs (parcerias público-privadas), também pela Casa Civil.
- O relançamento dos Mais Médicos, ainda sem nome, com foco em agentes brasileiros, pelo Ministério da Saúde.
Mesmo sem ter sido colocado em prática —caso do PAC e do Mais Médicos—, o importante, dizem, é apresentar um plano concreto.
Segundo relatos, as pastas têm conseguido apresentar resultados. Ou vem cobrança por aí.
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