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Recriação do Bolsa Família tem choro de Lula, Pai-Nosso e repúdio a racismo

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

02/03/2023 13h16Atualizada em 02/03/2023 15h26

O evento do novo Bolsa Família, lançado hoje pelo presidente Lula (PT), teve choro contido do presidente, reza do Pai-Nosso puxada por ministro e críticas ao caso dos trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão em vinícolas do Rio Grande do Sul.

O benefício, que começará a ser pago no dia 20 de março, terá o valor mínimo de R$ 600 por família, com adicionais por filho menor de idade e gestantes. Acompanhado do ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Lula fez ainda críticas à distribuição dos lucros da Petrobras, assunto que dominou a semana, e voltou a tratar do compromisso do combate à fome.

O que aconteceu no evento

  • Lula se emocionou com o discurso de uma doutora em biologia, antiga beneficiária do programa.

Com o dinheiro recebido pela família no interior da Bahia, Isamara Mendes pôde ter acesso ao ensino superior por meio de cotas e programas educacionais do governo federal. Conseguiu se formar e, na sequência, concluir o doutorado pela USP (Universidade de São Paulo).

O título de doutora não me define, mas a conquista, sim, pois traz a história dos meus pais, que cresceram na labuta e não tiveram a oportunidade de estudar. De 'mainha', que adquiriu independência ao administrar o Bolsa Família e nos empoderou. Nós acreditamos na educação como instrumento de transformação social."
Isamara Mendes, beneficiária do Bolsa Família

Em sua fala, mais rápida do que a de costume, o presidente até brincou que, depois de Isamara, não havia nada mais a ser dito.

O presidente pediu ainda a fiscalização do cadastro para receber o auxílio, com a atuação da imprensa e do Ministério Público.

  • Wellington Dias citou passagens bíblicas e puxou uma oração com os presentes.

Emocionado, o ministro pediu que os presentes ficassem em pé e juntassem as mãos, antes de puxar um Pai-Nosso ao final. Em tom de pregação, ele orou pelo fim da pobreza e pelo sucesso do programa social.

Vamos dizer, juntos, assim: eu, hoje, vou me juntar a milhões de brasileiros e, junto ao presidente Lula, vamos tirar o Brasil do Mapa da Fome, vamos tirar o Brasil do mapa da insegurança alimentar e nutricional. Vamos dar as mãos a quem mais precisa e ninguém larga a mão de ninguém."
Wellington Dias, em pregação

O ato, aplaudido pelo salão lotado, causou surpresa entre parte dos presentes. Ações como esta eram mais comuns durante as cerimônias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

  • A denúncia de casos análogos à escravidão em Bento Gonçalves (RS) também foi lembrada.

Diferentes discursos repudiaram a entidade empresarial que relacionou a exploração descoberta ao recebimento do Bolsa Família e o discurso xenófobo de um vereador do Rio Grande do Sul.

Programas como esses são importantes para que pessoas como vocês não utilizem a pobreza, a miséria e a desigualdade social para produzir escravidão."
Elias de Souza, presidente do Congemas (Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social)

Como funciona o novo Bolsa Família

  • Famílias com renda mensal de até R$ 218 por pessoa têm direito ao programa;
  • O benefício é de R$ 600 por família, no mínimo;
  • Famílias com crianças até 6 anos recebem extra de R$ 150;
  • Famílias com crianças e jovens entre 7 e 18 anos incompletos e com gestantes ou mulheres que estejam amamentando recebem adicional de R$ 50;
  • Vacinas em dia, frequência escolar e acompanhamento pré-natal serão exigidos;
  • O pagamento começa no dia 20 de março; expectativa é distribuir R$ 13,2 bilhões e atingir 21,8 milhões de famílias.