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Deputada indígena faz discurso transfóbico na Câmara e é repreendida

Do UOL, em São Paulo

11/04/2023 19h29Atualizada em 12/04/2023 10h29

A deputada indígena Silvia Waiãpi (PL-AP) disse hoje em discurso na Câmara dos Deputados que é obrigada a aceitar "mulheres que são homens".

O que aconteceu:

A parlamentar foi acusada de transfobia durante a sessão da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, estava presente.

A fala de Silvia Waiãpi veio após ela ter a sua legitimidade indígena questionada pelo deputado Dorinaldo Malafaia (PDT-AP).

Malafaia afirmou que a cultura indígena passa por um "estelionato" e que havia representantes que diziam representar os povos originários sem, de fato, representá-los.

Em resposta ao deputado, Waiãpi falou que não precisava do aval do parlamentar sobre sua etnia.

Nesse momento, a deputada bolsonarista fez o comentário transfóbico. "Os senhores querem que eu aceite alguém que se autodeclara mulher, sem ser mulher, biologicamente homem e eu sou obrigada a aceitá-lo. Mas não querem me aceitar", falou a parlamentar.

Em nota, Waiãpi negou que seu discurso seja transfóbico: "Fui atacada publicamente pelo deputado Dorinaldo Malafaia, do meu estado Amapá, e constrangida com uma acusação de "estelionatária de etnia indígena", na frente de uma indígena autodeclarada"

Ao ouvir o comentário, a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) repreendeu a fala e lembrou que transfobia é crime.

Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, que passaram a ser enquadradas pela Lei de Racismo. Na decisão, a Corte definiu como crime condutas que "envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém".

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado em uma versão anterior deste texto, a fala da deputada foi repreendida por Fernanda Melchionna (PSOL-RS), e não por Célia Xakriabá (PSOL-MG). A informação já foi corrigida.