Governo publica exoneração de Dias e nomeação de Cappelli como interino
O governo Lula publicou decreto para nomear Ricardo Cappelli, interinamente, ao cargo de ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Cappelli era número dois do Ministério da Justiça.
O que aconteceu:
Os decretos da nomeação de Cappelli e da exoneração do ex-ministro do GSI, general Gonçalves Dias, foram publicados no DOU (Diário Oficial da União) nesta quarta-feira e assinados pelo presidente Lula (PT).
Dias pediu demissão do cargo após imagens de câmeras de segurança do Palácio do Planalto mostrarem o general orientando bolsonaristas no atos golpistas de 8 de janeiro.
A exoneração de Gonçalves Dias está descrita como "a pedido" do general.
Além de Dias, o general Ricardo José Nigri, secretário-executivo do GSI, foi exonerado. Capelli também foi nomeado para atuar nesse cargo.
O pedido de demissão:
O pedido de demissão de Dias foi apresentado ao presidente Lula após a divulgação do vídeo. O general foi chamado nesta tarde para uma reunião com Lula, na qual foi decidida a sua saída. Horas depois, o nome de Cappelli foi anunciado como interino.
Cappelli também esteve no Planalto, e foi convidado pessoalmente por Lula para assumir o GSI. Ele já havia exercido a função de interventor na área de segurança pública do Distrito Federal após o ataque às sedes do Três Poderes.
O presidente vinha sendo pressionado por outros ministros a demitir Dias do comando do GSI. No entanto, Lula argumentava que o general — que foi seu ajudante de ordens nos governos anteriores — é alguém de sua estrita confiança.
A permanência de Dias se tornou insustentável com a divulgação do vídeo e a exploração do episódio pela oposição — reforçando a pressão pela CPI —, segundo auxiliares de Lula.
Dias disse que em 8 de janeiro chegou ao Palácio do Planalto quando os bolsonaristas já haviam rompido o bloqueio militar (leia abaixo). A declaração foi dada em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. No início da tarde, o general faltou à audiência marcada hoje na Comissão de Segurança Pública da Câmara, após apresentar um atestado médico. O colegiado aprovou sua convocação para se explicar no dia 26.
O que disse Gonçalves Dias
Cheguei ao Palácio quando os manifestantes tinham rompido o bloqueio militar na altura do Ministério da Justiça. Aquela turma desceu e praticamente invadiu o Palácio. A maior parte do pessoal que invadiu o Palácio subiu pela rampa. Como o Palácio nos seus 360 graus é composto por vidro, as pessoas não entraram pela porta, elas quebraram o vidro. Esse vidro tem 12 milímetros, é extremamente vulnerável. Eu entrei no Palácio depois que foi invadido e estava retirando as pessoas do terceiro piso e do quarto piso para que houvesse a prisão no segundo piso."
O que disse o governo Lula
O governo tem tomado todas as medidas que lhe cabem na investigação do episódio. E reafirma que todos os envolvidos em atos criminosos no dia 8 de janeiro, civis ou militares, estão sendo identificados pela Polícia Federal e apresentados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. A orientação do governo permanece a mesma: não haverá impunidade para os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro."
Nota da Secom
Quem é Ricardo Cappelli
Principal assessor do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), Cappelli, 50, foi secretário Nacional de Esporte Educacional e de Incentivo ao Esporte nos governos Lula e Dilma Rousseff (PT). Ele é formado em jornalismo e pós-graduado em administração pública pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
Cappelli deixou a função de interventor da Segurança Pública do Distrito Federal em 31 de janeiro. À época, declarou em seu relatório final sobre o 8 de janeiro que houve falha operacional dos comandantes das forças de segurança do Distrito Federal. Também apontou diretamente a conivência de militares para com a manutenção do acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército, em Brasília.
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