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Coronel da PM do DF: Exército cancelou 3 remoções de acampamento de QG

Do UOL, em Brasília

27/04/2023 13h45Atualizada em 27/04/2023 19h18

A coronel Cíntia Queiroz de Castro, da Polícia Militar do Distrito Federal, disse na CPI da Assembleia sobre os atos golpistas que o governo local organizou três operações para remover o acampamento bolsonarista da frente do quartel-general do Exército em Brasília, mas o Comando Militar do Planalto proibiu a PM de agir. O UOL encaminhou pedido de posicionamento do Exército e não recebeu retorno.

O que aconteceu

A coronel disse que reuniões eram marcadas, mas o Exército proibia a retirada das estruturas de apoio dos manifestantes golpistas. Como o acampamento ficava em área militar, era preciso de autorização do Exército para atuar no local.

Não era permitido, por exemplo, tocar nas barracas dos acampados, dos manifestantes. A gente não podia tirar a cozinha coletiva, não podia mexer na tenda religiosa que foi montada. A orientação que a gente tinha era essa."
Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas

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Acampados em frente ao QG do Exército, em Brasília, pedindo intervenção militar
Imagem: Reprodução de vídeo

Um exemplo do cancelamento de operações ocorreu depois de uma reunião em 6 de dezembro para retirar comércio ilegal. O trabalho seria realizado no dia seguinte, mas foi abortado por ordem do Comando Militar do Planalto.

Teve uma reunião no dia 6 de dezembro que aconteceu para ser realizada uma operação no dia 7 e, quando a gente ainda estava fazendo planejamento, nós recebemos uma ligação. No caso, o secretário ligou para mim falando que recebeu uma comunicação do Exército que a operação do dia 7 não era mais para ser realizada."
Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas

A operação abortada foi remarcada para 29 de dezembro, mas foi cancelada "por falta de apoio da Polícia do Exército". Outra vez o objetivo se restringia a combater o comércio ilegal. Mesmo assim, os agentes foram expulsos. No relatório do governo do DF, consta que os servidores foram expostos a riscos por falta de ação do Exército.

Na ocasião, dois homens que usavam trajes civis foram hostilizados e buscaram abrigo dentro do carro. O veículo foi cercado e um homem chutou a lataria.

A coronel declarou na CPI que o governo do Distrito Federal e as polícias Civil e Militar estavam preocupados com o acampamento. Mas não era possível atuar por falta de autorização do Exército.

Não tiraram acampamento porque não foi permitido."
Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas

Procurado pelo UOL, o Exército disse apenas que "os fatos estão sendo apurados por parte das autoridades competentes". "A instituição segue à disposição dos órgãos que esclarecem os acontecimentos a fim de contribuir com as investigações em curso, sendo que quaisquer informações solicitadas serão prestadas exclusivamente aos mesmos."