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11 meses

Após Anderson Torres ser solto, defesa diz que não há chance de delação

Felipe Pereira, Giovanna Galvani e Marina Sabino

Do UOL, em Brasília e em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Brasília

12/05/2023 11h19Atualizada em 12/05/2023 12h43

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, não trabalha com a possibilidade de acordo de delação nos processos que apuram uma suposta omissão nos ataques do 8 de janeiro. A afirmação é do advogado dele, Eumar Novacki.

O que disse o advogado?

"Não existe possibilidade de delação. O que Anderson vai fazer é cooperar para esclarecer o mais breve possível os fatos que levaram ao 8 de janeiro", declarou Eumar Novacki durante coletiva de imprensa hoje de manhã.

O advogado negou pressão do STF (Supremo Tribunal Federal) para fechar uma delação premiada. Grupos bolsonaristas vinham afirmando que o ministro Alexandre de Moraes mantinha Torres preso para que ele se visse obrigado a entregar o ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo que fosse preciso "inventar" fatos.

Esta declaração amistosa mostra que a defesa de Torres não quer confronto com o STF. O advogado disse que a Corte agiu com a "energia necessária" após os ataques.

"Quando surgiram aqueles atos do dia 8 de janeiro, que sem sombra de dúvidas deixaram uma mancha na história política brasileira, o STF agiu com a energia necessária para conter a escalada de violência", afirmou Novacki.

O advogado acrescentou que Torres está "à disposição" depois de a PF não conseguir acessar dados do celular dele porque a senha fornecida pelo ex-ministro estava incorreta. Novacki declarou que não há má vontade do cliente, e justificou que houve uma falha técnica. Mas não foi explicado se o problema era a senha, o telefone ou erro operacional dos peritos.

"Esse é um tema que está sob sigilo. Eu recebi um laudo da Polícia Federal explicando por que não tinham conseguido acessar as contas naquele momento, e nós respondemos também de modo sigiloso. Nessa mesma resposta, nós nos colocamos à disposição para poder acelerar o acesso a essas informações, que [com] a disponibilidade de um perito indo até o ex-ministro Anderson Torres, a gente faça o acesso aberto a todos esses dados."

A defesa afirmou que voltar para a casa e encontrar as filhas foi positivo para a saúde de Torres. Ele perdeu 12 kg na cadeia e recebe acompanhamento psicológico e psiquiátrico. O advogado espera que a liberdade ajude o cliente a deixar de tomar remédios dos quais necessita hoje.

Ex-ministro ficou preso por quase 4 meses

Anderson Torres saiu da prisão ontem após decisão do ministro Alexandre de Moraes e cumpre medidas cautelares em domicílio com o uso de tornozeleira eletrônica.

Ele foi preso por suspeita de omissão na Segurança Pública do DF após os ataques golpistas contra os três Poderes.

Torres irá se apresentar à Justiça na próxima segunda-feira, rito que será repetido semanalmente como parte das medidas cautelares impostas por Moraes.

Condições da liberdade de Anderson Torres

  • Usar tornozeleira eletrônica;
  • Fica proibido de usar as redes sociais;
  • Está proibido de deixar o Distrito Federal e deverá entregar os passaportes, que devem ser cancelados;
  • Deve ficar em casa durante o período noturno e nos finais de semana;
  • Fica afastado imediatamente do cargo de delegado de Polícia Federal;
  • Deve se apresentar ao Juízo da Vara de Execuções Penais todas as semanas;
  • Deixa de ter porte de arma de fogo, licença fica suspensa imediatamente;
  • Não pode se comunicar com outros envolvidos na investigação.