Só a PF ser autônoma que descobrimos escândalos do Bolsonaro, diz Padilha
O ministro Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, afirmou que "é só as instituições passarem a ser tornarem autônomas" que a PF (Polícia Federal) tem descoberto "escândalo atrás de escândalo" envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O UOL revelou hoje uma suspeita de pagamentos em dinheiro vivo pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
O que aconteceu?
Diálogos entre o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do Palácio do Planalto, e outros assessores de Bolsonaro revelam a existência de uma orientação para o pagamento em dinheiro vivo de Michelle. O caso foi revelado hoje pelo colunista Aguirre Talento, do UOL.
A preocupação de Cid, preso por suspeita de fraude de cartão de vacina de Bolsonaro, era que a prática fosse caracterizada como um esquema de rachadinha, porque não havia a comprovação da origem dos recursos. As conversas foram realizadas por meio de áudios enviados por um aplicativo de diálogos.
Ao UOL, Padilha disse que as instituições vão continuar apurando "o conjunto de escândalos" envolvendo o ex-presidente. "É uma minhoca a cada enxadada nessa herança de Bolsonaro", afirmou.
O ministro Paulo Pimenta, da Secom (Secretaria de Comunicação Social), também comentou o caso. Ele disse que a suspeita tem "o mesmo modus operandi" das acusações de rachadinha do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
É só as instituições passarem a ser autônomas, como hoje é a Polícia Federal, que descobrimos escândalo atrás de escândalo de Bolsonaro e em torno da sua família e dos assessores mais próximos. E as instituições vão continuar apurando. Nós queremos apurar quem financiou, quem mobilizou os atos terroristas de 8 de janeiro."
Alexandre Padilha, sobre as suspeitas de Michelle
"Ontem [12], Bolsonaro vestiu a carapuça de paladino da ignorância, do negacionismo. Quero ver as próximas carapuças que vai vestir", completou Padilha.
Bolsonaro disse ontem que vai processar o presidente Lula (PT) por ter "atingido sua honra" ao atribuir ao ex-presidente 300 mil das mais de 700 mil mortes por covid-19 no Brasil.
Gastos de Michelle pagos em dinheiro vivo
As conversas foram interceptadas pela Polícia Federal por meio da quebra de sigilo das comunicações de Mauro Cid, preso no dia 3 de maio por suspeitas de fraudar certificados de vacina da covid-19. O UOL teve acesso com exclusividade à transcrição desses áudios e a outros detalhes inéditos sobre a investigação.
A PF fez uma devassa nas transações financeiras de Cid e auxiliares do Palácio do Planalto e chegou a indícios da existência de um esquema de desvios de recursos públicos com o objetivo de bancar despesas de Michelle.
De acordo com o relatório de análise da PF, os diálogos revelam a existência de uma "dinâmica sobre os depósitos em dinheiro para as contas de terceiros e a orientação de não deixar registros e impossibilidades de transferências".
A investigação detectou que Michelle usava um cartão de crédito vinculado à conta de uma amiga sua, Rosimary Cardoso Cordeiro, que era assessora parlamentar no Senado. Ao realizar quebras de sigilo bancário de Mauro Cid e outros funcionários do Planalto, a PF detectou depósitos em dinheiro vivo para Rosimary com o objetivo de custear as despesas com o cartão de crédito, tentando ocultar a origem dos recursos.
Por isso, duas assessoras da primeira-dama, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, conversaram entre si e com Mauro Cid manifestando preocupação sobre irregularidades no pagamento de despesas de Michelle.
Coronel, bom dia. Ontem eu conversei com a senhora Adriana para saber se ela tinha falado com a dona Michelle né. Ela falou que conversou. Explicou, falou todos os problemas, preocupações, né. (...). Mas então o resultado foi que a dona Michelle ficou pensativa. Segundo a dona Adriana, ficou pensativa, mas que vai continuar com o cartão. E ela falou que tem, tem os comprovantes assim, né? Que esse cartão já era bem antes do presidente ser eleito. Mas de qualquer maneira, a dona Adriana falou que ela ficou pensativa, né? Ontem mesmo já fizemos uma compra, mas foi em outro cartão. Então eu estou vendo que realmente tá sendo de pouco uso o da Caixa. Mas por enquanto é isso. Obrigada, tchau.
Giselle Carneiro, em áudio enviado a Mauro Cid em 25/11/2020
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