Cassado, Dallagnol cita Gilmar e Lula: 'Corruptos e seus amigos em festa'
Deltan Dallagnol (Podemos-PR) disse hoje que "os corruptos e seus amigos estão em festa" após a decisão do TSE de cassar o seu mandato de deputado federal. Ele citou ministros do STF, outros políticos e o presidente Lula.
O que aconteceu
Dallagnol disse que o TSE inventou uma "inelegibilidade imaginária" para cassá-lo. Afirmou que perdeu o mandato porque "combateu a corrupção".
Ele se pronunciou na Câmara dos Deputados ao lado de políticos bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF), Júlia Zanatta (PL-SC), Caroline de Toni (PL-SC), entre outros.
Deltan disse também que "não vai desistir" e que este "é um novo começo" para sua história.
Durante o dia, o gabinete do deputado ficou trancado até que ele fosse ao Salão Verde falar com a imprensa.
Funcionários que trabalham no gabinete do deputado Gustavo Gayer (PL-GO), localizado ao lado do de Dallagnol, colaram cartazes na porta da sala do ex-promotor, em repúdio à cassação. "344 mil vozes caladas", em referência ao número de votos de Dallagnol no Paraná.
No trajeto até o Salão Verde, Dallagnol recebeu apoio de alguns visitantes e parlamentares. Mas também foi alvo de críticas. Um grupo de pessoas gritaram: "Cassado! Cassado!" e "Justiça".
Hoje, o sistema de corrupção, os corruptos e os seus amigos estão em festa. Gilmar Mendes está em festa, Aécio Neves está em festa, Eduardo Cunha está em festa, Beto Richa está em festa. (...) É um dia de festa para os corruptos, é um dia de festa para Lula.
Deltan Dallagnol (Podemos-PR)
Nós não vamos permitir que minem e ataquem as nossas liberdades. O poder que os tribunais têm de me atingir, de me derrubar, talvez seja o mesmo poder que os irmãos de José tinham ao vendê-lo como escravo no Egito."
Deltan prepara recurso ao STF
A perda do mandato tem efeito imediato, mas o ex-procurador pode recorrer da decisão.
O deputado federal cassado agora vai tentar reaver o mandato via STF. O documento tem sido discutido pela equipe do ex-procurador da Lava Jato desde ontem a noite e deve ser apresentado nos próximos dias.
O recurso de Deltan, porém, deve enfrentar resistências no Supremo. Não é de hoje que uma ala do tribunal tem fortes críticas ao ex-procurador e os métodos da Lava Jato.
O mais fácil para Deltan seria se o seu recurso fosse distribuído a um ministro mais simpático à Lava Jato. Historicamente, Edson Fachin, Luiz Fux e Roberto Barroso, por exemplo, deram votos favoráveis à operação.
Uma eventual decisão que suspendesse os efeitos do TSE, entretanto, precisaria passar por referendo no plenário. Neste caso, Deltan começaria com três votos contrários: Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Nunes Marques integram o TSE e votaram para cassar o mandato do deputado.
Para o TSE, Dallagnol fraudou a Lei da Ficha Limpa
Deltan Dallagnol escapou de eventuais punições que poderiam resultar em sua demissão, o que o tornaria inelegível, avaliou o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso no TSE. A cassação foi decidida com base na Lei da Ficha Limpa.
O deputado saiu do MPF em novembro de 2021 com processos administrativos pendentes contra ele no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).
Em um dos recursos que resultou na cassação, também foi citado que Dallagnol foi condenado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) em um processo que avaliou o pagamento de diárias a procuradores da Lava Jato.
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