Topo

Mulher de Cid depõe à PF em investigação sobre fraude em cartões de vacina

24.fev.2021 - O então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
24.fev.2021 - O então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Marina Sabino

Colaboração para o UOL, em Brasilia

19/05/2023 14h44Atualizada em 19/05/2023 15h29

Gabriela Cid, mulher do tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, chegou hoje à tarde à sede da Polícia Federal para depor no inquérito que apura fraudes em cartões de vacinação. Ontem, foi a vez do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), que ficou em silêncio.

O que aconteceu

Gabriela e Mauro Cid são citados diversas vezes no inquérito que apura um esquema de fraudes em cartões de vacinação contra a covid. A fraude teria começado em uma cidade de Goiás e utilizado o nome de enfermeiras locais.

Teriam sido manipulados o cartão do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua filha mais nova, Laura. Também teriam sido beneficiados Cid, a mulher e suas três filhas, além de assessores de Bolsonaro. Eles teriam obtido certificados de imunização sem terem tomado nenhuma vacina.

Mauro Cid não respondeu nenhuma pergunta e usou de seu direito a permanecer em silêncio durante o depoimento. Ele voltou à prisão militar onde está desde o dia 3 após a oitiva. Sua mulher responde ao inquérito em liberdade.

Cid compareceu à PF dois dias depois de Bolsonaro, que disse desconhecer o esquema e que, se o tenente-coronel arquitetou tudo, foi "à revelia e sem o seu conhecimento".

Bolsonaro respondeu a todas as perguntas durante cerca de três horas e meia, negando ter qualquer envolvimento na fraude e voltando a dizer que não se imunizou contra a covid.

Como foi a operação em que Cid foi preso

Homem de confiança e espécie de faz-tudo de Bolsonaro durante o seu governo, Cid foi preso em uma operação deflagrada em 3 de maio pela PF com base em diálogos do seu telefone celular, obtidos por meio da quebra de sigilo.

Os agentes da PF também foram à casa de Bolsonaro, em Brasília, e apreenderam o celular do ex-presidente.

Segundo a PF, há indícios de que o tenente-coronel solicitou a intermediários a obtenção de certificados de vacinação fraudados que teriam beneficiados parentes seus e de Bolsonaro, com o objetivo de realizar viagens ao exterior e driblar as exigências sanitárias.

A PF tem registros de como teria sido a fraude no cartão do ex-presidente. Dados falsos foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde em dezembro de 2022. Em seguida, a conta de Bolsonaro no aplicativo emitiu o comprovante de vacinação e o registro falso foi apagado.

O tenente-coronel tem outro depoimento à PF marcado na próxima segunda (22). Ele será questionado no âmbito do inquérito que apura o caso das joias dadas ao governo brasileiro pela Arábia Saudita.