Ex-ministro: Lula lida com 'moeda problemática' por maioria no Congresso

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo analisou as dificuldades do governo Lula em formar uma base sólida no Congresso e disse que estes problemas não são exclusividade da gestão do petista.

Há um esforço claro do governo e vejo o presidente cobrar seus articuladores políticos para conseguir formar uma maioria consistente. Mas como formar essa maioria se a moeda de negociação é problemática? É um drama, que não é só do governo Lula, mas de qualquer governo no Brasil. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça

Em participação no UOL News, Cardozo destacou a delicada relação atual entre o Executivo e o Legislativo, com a necessidade de o governo ser obrigado a atender interesses parlamentares e fazer concessões sob risco de perder sua sustentação. Para o ex-ministro, apenas uma reforma política seria capaz de acabar com esta dependência.

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A situação é delicadíssima. Estamos diante de uma situação que não diria ser do governo Lula, mas de qualquer um que venha para frente: está ingovernável a relação entre Executivo e Legislativo da forma em que está posta. Temos uma situação de parlamentarismo de fato em que o parlamentar não é responsável pelas consequências governamentais. Estamos indo para um processo político perverso se não fizermos uma reforma política urgente no Brasil. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça

Cardozo: Guajajara e Marina estão certas; falta estratégia ao governo Lula

Cardozo concorda com a frustração demonstrada pelas ministras Marina Silva e Sônia Guajajara com a aprovação da reorganização da Esplanada dos Ministérios. O ex-ministro apontou que o governo Lula encontra dificuldades para lidar com o Congresso e precisa fazer concessões para não perder o rumo, mas criticou a ausência de um plano mais adequado para contornar este cenário.

Guajajara e Marina estão certas. A grande questão é quando se está dentro da 'escolha de Sofia'. Se o governo força a mão, mostra possivelmente uma fragilidade parlamentar que pode ser como uma onda que o faça sucumbir. Se não força, abre mão de bandeiras históricas com as quais se comprometeu. O que o governo Lula está encontrando é uma saída tática, mas falta estratégia. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça

Ex-ministro: Lula tem dever histórico de indicar mulheres e negros ao Judiciário

Ao analisar a polêmica sobre a escolha dos próximos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cardozo afirmou que o governo "tem o dever histórico" de nomear mulheres e negros para o Judiciário, sob risco de quebrar um importante compromisso.

O governo Lula terá, ao longo de suas nomeações, uma obrigação: mulheres e negros entrarem no Judiciário. Talvez não seja possível pelas circunstâncias e pelos nomes colocados, mas esse tem que ser um comprometimento do governo Lula. Se não honrar este compromisso, não estará agindo bem. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça

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