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Deltan alega imunidade parlamentar ao depor na PF sobre ataques a ministros

Deltan Dallagnol (Podemos-PR) faz coletiva de imprensa após ter o mandato de deputado federal cassado - Reprodução/Globonews
Deltan Dallagnol (Podemos-PR) faz coletiva de imprensa após ter o mandato de deputado federal cassado Imagem: Reprodução/Globonews

Do UOL, em Brasília

05/06/2023 15h06Atualizada em 05/06/2023 16h52

O deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) depôs por uma hora e meia na Polícia Federal. A oitiva começou por volta das 11h. O parlamentar respondeu a todas as perguntas.

Defesa diz que pedirá acesso aos autos

O inquérito apura declarações de Deltan em entrevistas, ocasião em que acusou ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de cassar o seu mandato em troca de uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ao ser confrontado sobre as declarações, Deltan alegou que est protegido pela imunidade parlamentar, segundo o UOL apurou.

Os advogados de Deltan afirmam que vão pedir a íntegra da investigação "em nome da transparência e do interesse público". O processo é conduzido em sigilo pelo ministro Alexandre de Moraes.

Segundo os advogados, não há razão para o segredo, uma vez que são declarações públicas de Deltan. Na semana passada, o deputado cassado foi chamado para depor, mas a intimação não explicava o motivo da oitiva.

A investigação tem como base a declaração de Deltan à Folha de S.Paulo, na qual acusou o ministro Benedito Gonçalves de defender a sua cassação em troca de uma vaga no STF; no programa "Roda Viva", o deputado cassado repetiu a ilação, sem apresentar nenhuma prova.

O deputado cassado afirmou que o TSE "criou uma inelegibilidade". Na sexta, ele recorreu ao Supremo para derrubar a decisão da Corte Eleitoral.

Um ministro chega ao tribunal superior não só porque é indicado pelo presidente, mas porque é apoiado por uma série de partidos e figurões da nossa República. [...] Essas pessoas querem vingança, o sistema quer vingança.
Deltan Dallagnol, no "Roda Viva"

Chances no STF são remotas

O TSE entendeu no último dia 16 de maio que Deltan cometeu fraude eleitoral ao pedir demissão do MPF para evitar que os processos fossem concluídos; em caso de punição, o ex-procurador poderia se tornar inelegível e não disputaria as eleições de 2022.

Em recurso ao Supremo, os advogados de Deltan tentam reverter a cassação sob o argumento que, das 15 representações que ele enfrentava enquanto procurador do Ministério Público, nenhuma tinha "cunho sancionador". Ou seja, elas ainda não haviam se tornado um processo administrativo-disciplinar (PAD).

O recurso de Deltan, porém, deve enfrentar resistências no Supremo. O caso foi distribuído ao ministro Dias Toffoli, que já chamou a atuação da extinta força-tarefa de "pau de arara do século 21".

Uma eventual decisão liminar que suspendesse os efeitos do julgamento do TSE, entretanto, precisaria passar por referendo no plenário. Neste caso, Deltan começaria com três votos contrários: Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Nunes Marques integram o TSE e votaram para cassar o mandato do deputado.