Topo

Jamil: Proteção ambiental esconde protecionismo e trava acordo UE-Mercosul

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/06/2023 19h19

Em declaração conjunta com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, o presidente Lula (PT) criticou a exigência ambiental extra que os europeus propuseram para o acordo com o Mercosul. Durante sua participação no UOL News desta segunda-feira (12), o colunista do UOL Jamil Chade afirmou que as exigências travam o acordo entre União Europeia e o Mercosul.

Os quatro países do Mercosul, principalmente o Brasil, levaram um susto [com as exigências]. Porque o anexo do acordo que os europeus estavam propondo era, segundo a versão brasileira, totalmente descabido. Fazia exigências superiores ao próprio acordo de Paris".

Jamil ainda afirmou que os europeus afirmaram durante as negociações que o anexo era sigiloso, exigindo que ele não fosse circulado nem com ONGs nem com o setor privado.

O Mercosul falou: "está bem, vamos manter em sigilo". Uma semana depois os europeus vazaram. O governo brasileiro ficou extremamente irritado porque estavam cumprindo um pacto que os europeus não cumpriram".

"O anexo veio repleto de exigências extras. É disso que o presidente Lula esta falando hoje, vários meses depois. Mas, nos bastidores, isso já contaminou a negociação e já criou uma dificuldade bastante grande", finalizou.

Sakamoto: Pressão de UE em acordo com Mercosul pode fazer Brasil abraçar a China

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto também falou a respeito das exigências da União Europeia para o acordo com o Mercosul. Segundo Sakamoto, a União Europeia se aproveitou para fazer com que algo que costuma ser voluntário seja vinculante ao querer incluir o anexo no acordo.

Essa é a grande discussão. A União Europeia se aproveitou e está querendo fazer com que aquilo que é voluntário seja vinculante. Ou seja, obrigando o Brasil a evitar vender carne de lugar desmatado, por exemplo. Lula não quer isso porque sabe que o negócio vai complicar".

"O governo vai ter que enfrentar essa questão mais cedo ou mais tarde. Ou vai acabar abortando o acordo da União Europeia e indo abraçar a China que não faz as mesmas demandas", completou.

Jamil Chade: Guerra na Ucrânia racha governo Lula e Brasil se divide em votação internacional

Em uma votação na Organização Internacional do Trabalho, o governo Lula rachou quando teve de lidar com uma resolução que condenava o regime em Belarus, a maior aliada dos russos. Na entidade, os governos possuem dois votos, que tradicionalmente são dados da mesma forma - o que não ocorreu com o governo brasileiro.

A tradição é o governo utilizar os dois votos para votar do mesmo jeito. Você tem uma resolução X de combate ao trabalho escravo, por exemplo, vai o governo e vota a favor, abstenção ou contra. Até que chega a resolução sobre a situação do regime em Belarus".

Segundo Jamil, a resolução em questão é de 2004 e acusa o governo de Belarus de prender sindicalistas, acabar com os sindicatos independentes e repressão contra os trabalhadores.

De um lado tem o Itamaraty dizendo: "calma, não é para votar a favor da condenação porque isso pode acirrar a politização da OIT e pode colocar o Brasil numa situação difícil".

"Mas o Ministério do Trabalho fala: 'nós somos um governo liderado por um ex-sindicalista que foi preso. Como vamos nos abster em uma votação que tenta condenar um governo que reprime sindicatos?'", completou.

Eventual troca de ministros não será como imagina governo, diz Mendonça Filho

O Ministro das Relações Internacionais, Alexandre Padilha, afirmou em coletiva de imprensa hoje que o União Brasil vem apresentando um desejo de reformulação da representação dos seus três ministros indicados. Padilha ainda destacou que o partido não apresentou nada especificamente entre um ou outro ministro.

Em entrevista ao UOL News, o deputado federal Mendonça Filho (União Brasil-PE) afirmou que uma eventual troca de ministros não será como o governo imagina.

Eu creio sinceramente que não haverá essa mudança tão substancial como imagina o governo. O que houve, do ponto de vista de decisão politica aprovada pela instância máxima do União Brasil é que o partido teria uma posição de independência para acomodar essa várias tendências, várias alas que existem dentro do partido".

Waguinho joga frase forte sobre evangélicos para pressionar Lula a manter Daniela no Turismo, diz Sakamoto

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto comentou durante sua participação no UOL News a respeito das especulações sobre uma troca no ministério do Turismo, pasta que hoje é presidida por Daniela Carneiro.

A Daniela Carneiro e seu marido Waguinho, prefeito de Belford Roxo, são vistos como cota pessoal do presidente Lula, não do União Brasil, isso é uma briga interna, Tanto que agora eles estão migrando para o Republicanos. O que acontece é que o União Brasil da Câmara e do Senado não veem o Ministério do Turismo como indicado pelo partido".

Sakamoto lembrou que tanto o prefeito de Belford Roxo quanto Daniela Carneiro foram importantes para o PT durante a eleição do ano passado e seguirão sendo importantes para as eleições de 2024 e 2026.

O colunista ainda comentou sobre a declaração de Waguinho, que questionou se o governo "vai trocar uma evangélica por uma bolsonarista".

A gente sabe que não é tão simples e não é exatamente isso. Tem grupos políticos, tem muita coisa envolvida, disputas internas. Mas o que pega para o público é essa frase dele, que é muito forte. Num momento, inclusive, que Lula precisa de aproximação com os evangélicos".

***

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em três edições: às 8h, às 12h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 18h, com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: de segunda a sexta, às 8h, às 12h e 18h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: