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11 meses

Deputado pede afastamento de Marcos do Val da CPMI: 'Não tem cabimento'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/06/2023 18h53

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) afirmou que pedirá o afastamento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8/1 — do Val foi alvo hoje de uma Operação da Polícia Federal, em que é acusado, entre outros, por tentativa de golpe de Estado.

"Como ele pode estar numa CPMI que vai investigar quem são os responsáveis por isso? É como raposa tomando conta do galinheiro, ele está lá na cena da investigação, não tem cabimento", declarou Correia, em entrevista ao UOL News.

O parlamentar petista destacou que a situação do senador é a mesma do deputado federal André Fernandes (PL-CE), que também integra a CPMI, embora seja alvo de investigações por suposta participação naqueles atos de vandalismo em Brasília.

"É a mesma coisa do deputado André Fernandes, que já está inclusive indiciado pela PF, está prestes a virar réu. Então daqui nós vamos ter um deputado e um senador réus fazendo investigação daquilo pelos quais são denunciados como parte do processo de crime que está sendo apurado", destacou Rogério.

Correia afirmou que pedirá ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que afaste do Val e Fernandes, e que seus respectivos partidos indiquem outros representantes.

"Não estamos pedindo que eles não façam parte da CPMI, os que são partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas aqueles que estão sendo investigados, que vão virar réus, realmente não têm condições. Como um senador e um deputado vão fazer requerimentos para pedir documentos sobre eles mesmos, para ter acesso a algo que os livre, para que leiam aquilo que às vezes estava em sigilo? Não tem lógica que eles participem da CPMI, é desmoralizante", completou.

PF investiga documentos vazados da Abin por Marcos do Val, diz Chico Alves

O colunista do UOL Chico Alves destacou que um dos motivos que desencadearam a ação da PF contra Marcos do Val é o fato de ele ter publicado documentos sigilosos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para "tentar incriminar" o presidente Lula (PT) e o ministro da Justiça, Flávio Dino, pelos atos golpistas de janeiro.

Como participante da CPMI do 8/1, ele teve acesso a documentos da Abin, que são reservados, e há alguns dias revelou o teor de uma parte desses documentos para sustentar a narrativa de tentar incriminar Dino e Lula, para dizer que a Abin havia os alertado e eles não tomaram providências. Esse é um dos motivos pelo qual a PF fez essa apuração e vai apurar informações nos dispositivos eletrônicos do senador.
Chico Alves

Chico Alves também lembrou que do Val participou de um suposto plano golpista que envolveria Bolsonaro e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), conforme revelado pelo próprio senador.

Do Val alegou que teria sido coagido a tentar incriminar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, mas posteriormente mudou de versão. Ele, inclusive, pediu que Moraes fosse convocado para a CPMI do 8/1.

"Ele acusou Bolsonaro de fazer com quem ele fosse gravar Alexandre de Moraes, depois inverte a narrativa e diz que, na verdade, foi Moraes quem tentou colocar junto a Bolsonaro uma forma de incriminá-lo, uma história muito confusa, mas, de lá pra cá, ele veio cometendo muitas outros bobagens", completou o colunista.

Veja a íntegra do programa: