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OPINIÃO

Análise: Reunião com embaixadores foi só um capítulo de movimento golpista

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/06/2023 09h37

O cientista político Guilherme Casarões destacou a importância da inclusão do contexto golpista ligado a Jair Bolsonaro (PL) no julgamento que será feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta semana e que pode tornar o ex-presidente inelegível.

É muito difícil dissociar a reunião com os embaixadores de todo o movimento anterior e posterior no sentido de termos um golpe de Estado no Brasil. Toda a movimentação posterior ao 8 de janeiro mostra de maneira muito clara que aquela reunião era um capítulo de um movimento golpista de longo prazo. Guilherme Casarões, cientista político

Em participação no UOL News, Casarões explicou que a defesa de Bolsonaro argumenta que o TSE agiu de forma diferente em 2017, quando rejeitou a cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer. O cientista político, porém, reforça que todo o conjunto de ações e declarações de Bolsonaro deve ser levado em conta e que a reunião com os embaixadores faz parte deste contexto golpista.

Esse episódio tem potencial muito claro de tornar Bolsonaro inelegível. O contexto importa. Isto era um pedaço de uma estratégia de legitimação internacional para que se conseguisse decretar estado de sítio, fechar o TSE e, efetivamente, dar um golpe, que não aconteceu talvez por incompetência ou desorganização, mas estava proclamado. Guilherme Casarões, cientista político

Tales: Contexto golpista no entorno de Bolsonaro é agravante em julgamento no TSE

Tales Faria explicou como o contexto golpista em torno de Bolsonaro complica ainda mais a situação dele no TSE. Para o colunista, não há como ignorar todo o discurso do ex-presidente, com ataques em série ao processo eleitoral, e as evidências de ligação com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e isolar apenas a reunião com embaixadores.

As atitudes do Bolsonaro estão sendo consideradas agravantes especialmente depois do que se está descobrindo sobre as movimentações do Palácio. O entorno dele, com o Mauro Cid, faz com que os juízes liguem os pontinhos. A reunião com os embaixadores e a invasão do Congresso e do Supremo fazem parte de um mesmo pacote. Não tem como não incluir o contexto golpista na análise da questão eleitoral dele. Tales Faria, colunista do UOL

Tales: Com 'caso Zanin' resolvido, Lula deveria se preocupar com arcabouço fiscal

Na opinião de Tales Faria, Lula deveria voltar suas atenções para o arcabouço fiscal em vez de se preocupar com a aprovação do Senado à indicação de Cristiano Zanin para o STF, que está bem encaminhada. O colunista alertou para o risco de o processo demorar muito mais do que o esperado por conta de uma mudança.

O interessante é Lula, antes da viagem, tratar desse assunto, que está razoavelmente resolvido, e não de outro muito mais importante nesse momento que é o arcabouço fiscal. Essa alteração, se aprovada no plenário, faz com o texto volte para a Câmara e seja votado a toque de caixa. O Arthur Lira disse que vota em um ou dois dias, mas nunca sabemos se o centrão vai se aproveitar para esticar a corda e jogar para o semestre que vem. Tales Faria, colunista do UOL

Casarões: Com lógica diferente de Bolsonaro, governo Lula precisa achar equilíbrio na comunicação

Ao analisar a iniciativa de Lula de fazer lives, Casarões apontou a necessidade de o governo achar um "ponto de equilíbrio" em sua comunicação. O cientista político comparou a live do presidente à de Bolsonaro e mostrou que as dificuldades encontradas pelo petista para se relacionar com a era digital também são enfrentadas por diversos líderes mundiais.

O Lula ainda é um homem muito preso a estratégias de comunicação do século 20. Como a lógica de operação do governo é diferente, a própria premissa que orienta essas lives do Lula é muito diferente da de Bolsonaro. Lula ainda precisa calibrar algumas coisas, mas a comunicação é algo que está se ajeitando. Cabe ao governo achar um ponto de equilíbrio, que deve se estabilizar provavelmente ao longo deste ano. Guilherme Casarões, cientista político.

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