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10 meses

Tacla Duran fala sobre propina, critica Moro e cita ameaças de Deltan

Do UOL, em São Paulo

29/06/2023 16h58Atualizada em 29/06/2023 17h18

O advogado Tacla Duran fez uma série de declarações sobre a Operação Lava Jato, em participação no UOL Entrevista, incluindo acusações sobre pedidos de propina, ameaças sofridas e previsões sobre o futuro do senador e ex-juiz Sergio Moro.

O que ele disse?

Tacla Duran voltou a falar sobre a cobrança de "taxas de proteção" sob ameaças de ser preso e perseguido durante os processos da Lava Jato, que seriam feitas por advogados. De acordo com ele, o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol foram citados por intermediários como pessoas que tinham conhecimento sobre o acordo.

Segundo o advogado, os valores eram de cerca de US$ 50 mil por mês, e eram depositados por cerca de cinco pessoas, ao longo de 5 ou 6 anos. O pagamento impedia que pessoas e empresas fossem investigadas em Curitiba, de acordo com ele.

Tacla diz que chegou a depositar montantes, mas resolveu suspendê-lo por não ter "segurança de que de fato iriam parar o que estavam fazendo". "Continuavam pressionando por mais dinheiro, e aí eu rompi. É uma chantagem, isso nunca para", disse.

Na situação que eu estava naquele momento, não tinha por que eu fazer um acordo de delação, porque eu não tenho crime para delatar. Eu era advogado da empresa. Eles queriam informação de empresas e queriam me pressionar para isso como advogado. E eu não aceitei. E vieram as intimidações, ameaças de prisão
Tacla Duran

"Essas perícias foram entregues em mais de uma oportunidade. E nunca, de fato, chegaram a ser investigados. Esses fatos sempre foram levados no âmbito de procedimento investigatório-criminal, dentro do próprio Ministério Público. E nunca foi aberto inquérito, as partes ouvidas. Foram arquivados", disse.

Moro e Deltan não têm interesse que eu vá ao Brasil

Para o advogado, Deltan e Moro se beneficiam caso o depoimento dele não aconteça e, por isso, tentam criar obstáculos para que ele não deponha no Brasil.

Há duas semanas, o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), anulou as provas contra o advogado que tinham como base o acordo de leniência da Odebrecht.

Toffoli também concedeu um habeas corpus preventivo para que o advogado viaje ao Brasil e preste depoimento na Câmara dos Deputados sem o risco de ser preso. Segundo Tacla, porém, não há previsão para isso, já que depende de burocracias entre os países. "Uma vez tramitado, eu recebendo a comunicação formal das autoridades espanholas, eu vou imediatamente", garantiu.

Eu já morava fora do Brasil quando falei por telefone, da última vez que conversei com o Deltan. Entre muitas ameaças, de que eu estava foragido e ia ser preso - ele sabe como foi a conversa - eu disse a ele: 'vamos ao processo'. E de todas as formas tentou me convencer a fazer um acordo. (...) Eu avisei que iria às últimas consequências, e ele sabe o que existe, sabe o que se passou. Existem outros documentos que comprovam o pagamento da taxa de proteção.
Tacla Duran

Tacla Duran é acusado de lavagem de dinheiro em 2016 enquanto advogado da Odebrecht. Atualmente, ele mora na Espanha.

Moro pode ser preso por 'conjunto da obra'

Para Tacla, o ex-juiz da Lava Jato pode ser preso "pelo conjunto da obra". "Foram interlocutores que fizeram. Se eles podiam entregar o que eles venderam [taxas de proteção], evidentemente isso atinge o Sergio Moro. E, por isso, tem que ser investigado", disse.

O advogado também ressaltou que Moro teve parcialidade reconhecida internacionalmente. "A Interpol não tem nenhum interesse político no Brasil, pelo contrário, e é uma decisão isenta de qualquer fator político. Demonstrei claramente que eu estava sendo perseguido e que ele não tinha imparcialidade necessária para presidir meu processo. Isso foi reconhecido e não se cumpriu a decisão de Sergio Moro", disse.

Assista a íntegra do programa: