Vice-PGR vê 'pesca probatória' de Moraes ao prender Cid, mostra revista
A vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro (PL) e auxiliares, mostra reportagem da revista Veja publicada hoje.
O que aconteceu:
Lindôra diz que Moraes decretou prisões sem fundamento e tentou promover uma "pesca probatória" (uma diligência autorizada sem um fato que a justifique) para colher provas. As críticas estão em documento sigiloso, obtido pela revista Veja.
A vice-PGR é conhecida por várias decisões favoráveis a Bolsonaro, aliados e governo. Recentemente, Lindôra isentou o ex-presidente de participação na fraude dos cartões de vacinação e pediu a libertação de Mauro Cid argumentando que a prisão não se sustenta.
Os elementos apontados são por demais incipientes a recomendar quaisquer diligências ou medidas em face dos investigados, sob pena de se validar a pesca probatória, à semelhança de outras investigações em curso no âmbito do Supremo Tribunal Federal.
Lindôra Araújo questiona prisão de Mauro Cid, Max Moura e Sérgio Cordeiro no caso da fraude nos cartões de vacina
Para Lindôra, segundo documento obtido pela Veja, Moraes inflou o caso de Mauro Cid com episódios estranhos ao processo para "criar um link com a prática de delitos financeiros, envolvendo o círculo social de parentes do ex-chefe do Poder Executivo". Ela cita uma reportagem que mostra que Cid pagava despesas pessoais de Michelle Bolsonaro.
Lindôra diz que as mensagens encontradas no celular de Mauro Cid se resumem a "mero diálogo entre pessoas comuns, desprovidas de conhecimento jurídico ou político suficiente para arquitetar um golpe de Estado".
São posturas especulativas que poderiam ser encontradas nos dispositivos móveis de grande parte da população brasileira, sob o contexto de intensa polarização do debate político à época das eleições de 2022.
Lindôra Araújo sobre mensagens golpistas
Inquéritos com Alexandre de Moraes
Moraes é responsável por inquéritos que miram bolsonaristas. Em 2019, o STF abriu investigação para apurar a disseminação de notícias falsas e ofensas a ministros. Ao longo dos anos, novas denúncias foram incluídas no bojo desta investigação, como atos antidemocráticos e o 8 de janeiro.
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