Cid fica em silêncio na CPI de 8/1; veja as perguntas a que não respondeu
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), decidiu ficar em silêncio durante a sessão da CPMI do 8 de Janeiro, que apura as circunstâncias dos atos golpistas, e não respondeu a uma série de questionamentos dos parlamentares.
O que aconteceu
Cid disse que sua nomeação para ajudância de ordens não teve ingerência política e citou as investigações contra ele no STF para se reservar ao silêncio. O direito foi autorizado pela ministra Cármen Lúcia, do STF — ele pode se calar em relação a perguntas que possam incriminá-lo, mas é obrigado a dizer a verdade quanto aos demais questionamentos.
Por todo o exposto e sem qualquer intenção de desrespeitar vossas excelências e os trabalhos conduzidos por essa CPMI, considerando a minha inequívoca condição de investigado, por orientação da minha defesa e com base na ordem no habeas corpus 229323, concedido em meu favor pelo STF, farei uso ao meu direito constitucional ao silêncio"
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
O tenente-coronel foi fardado à CPI e chegou escoltado pela Polícia do Exército, já que a custódia está a cargo dos militares — ele está preso desde 3 de maio por suspeita de fraude em cartões de vacinação contra a covid-19. Em nota, o Exército diz que orientou o militar a usar a farda em seu depoimento na comissão.
Veja abaixo algumas das perguntas feitas pelos parlamentares a Mauro Cid — e não respondidas por ele.
Senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI:
- Se ele confessava ter solicitado a inserção de dados falsos sobre vacinação da covid-19 no sistema ConecteSUS, do Ministério da Saúde;
- Se ele confirmava que parte de sua família usou cartão de vacinação falsificado para viajar aos EUA;
- Se ele não sentia culpa em ter havido adesão a movimentos extremistas;
- Se Bolsonaro não tinha conhecimento sobre os supostos certificados falsos de vacinação;
- Se Bolsonaro tinha a intenção de usar o cartão de vacinação para viagens a outros países após deixar a Presidência;
- Se Cid conhecia a Sipal (empresa que, segundo Eliziane, recebeu empréstimo do BNDES para comprar caminhões e enviou os veículos ao acampamento golpista em frente ao QG do Exército em Brasília);
- Por que ele usava dinheiro em espécie para pagamentos feitos a familiares de Bolsonaro;
- Se ele havia recebido R$ 400 mil em transferência ou dinheiro em espécie em março do ano passado;
- Se ele trouxe dos Estados Unidos a quantia de US$ 35 mil e R$ 16 mil em espécie encontrada pela PF durante cumprimento do mandado de busca e apreensão;
- Por que Bolsonaro não confiava no Alto Comando do Exército;
- Se ele se sente abandonado por Bolsonaro.
Deputado Rafael Brito (MDB-AL)
- Por que Cid queriam o afastamento dos ministros do Supremo e do TSE;
- Quem seria nomeado como interventor para suposta tomada de poder;
- Por que o coronel Jean Lawand Júnior e outros militares tinham ele "como um influenciador direto e conselheiro privilegiado de Bolsonaro";
Deputada Erika Hilton (PSOL-SP)
- Se Cid recebia ordens apenas de Bolsonaro ou de outras pessoas;
- Se conhecia ou fazia parte do chamado "gabinete do ódio";
- Se ele fazia compras com o cartão corporativo da Presidência;
Deputado Duarte Júnior (PSB-MA)
- Qual o preceito da ética militar;
Senador Rogério Carvalho (PT-SE)
- Se ele sabe quem matou a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ);
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Quero receberDeputada Jandira Feghali (PcdoB-RJ)
- Qual a idade de Cid;
- Se ele conhece os militares Albemar Rodrigues e Marcio Nunes de Resende, com quem conversava pelo WhatsApp;
- Se ele trabalhava com o sargento Luis Marcos dos Reis, que esteve nos atos de 8 de janeiro;
- Se Cid repassou a Bolsonaro as mensgens que recebeu de outros militares, pedindo providências contra o resultado das eleições;
- Se Cid é adepto da ideia de que as Forças Armadas devem atuar como poder moderador
Deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ)
- Se Cid, como ajudante de ordens, participava de reuniões em que se tomavam decisões de governo
- Se Cid tinha algum poder de decisão na gestão de Bolsonaro;
- Qual foi a última missão de Bolsonaro a Cid;
Deputada Laura Carneiro (PSD-RJ)
- Se Cid, como ajudante de ordens, dava aconselhamentos a seu "chefe maior", ou seja, Bolsonaro;
- Se Cid foi sócio de algum de seus familiares;
- O que o ex-militar Ailton Barros quis dizer ao pedir a Cid, por mensagem, que pressionasse o general Freire Gomes para "que faa o que tem que fazer";
- Se Cid lembra das mensagens de Ailton Barros;
- Se Cid gostaria de falar algo sobre o inquérito a que responde por corrupção de menores, por ter falsificado o certificado de vacina das filhas;
- Se Cid, ao frequentar os acampamentos golpistas, imaginou que aquilo poderia resultar em depredações a prédios públicos, como ocorreu;
- Se o plano dele e de outros envolvidos era anular o resultado das eleições;
*Texto em atualização
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