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'Fala infeliz', diz Pacheco sobre declaração de Barroso

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou hoje que a declaração feita pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi "infeliz, inoportuna e inadequada". Barroso afirmou em um evento da UNE (União Nacional dos Estudantes) que "nós derrotamos o bolsonarismo".

O que aconteceu:

Pacheco lembrou que já prestou solidariedade ao ministro Barroso quando ele "sofreu ataques" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas avaliou que a fala do ministro do STF foi tão "inadequada" quanto os ataques já sofridos.

O presidente do Senado disse ainda que "a arena política se resolve com as manifestações políticas" e que o ministro do STF deve se ater ao seu compromisso constitucional de "julgar o que lhe é demandado".

Rodrigo Pacheco também classificou a presença do ministro Barroso em um evento "de natureza política" como "infeliz".

Ele disse que espera uma retratação do ministro e uma reflexão sobre sobre o caso. "A presença do ministro em um evento de natureza política, com uma fala de natureza política, é algo que considero infeliz, inadequado, inoportuno e o que espero é que haja por parte do ministro Barroso uma reflexão sobre isso, eventualmente uma retratação no alto da sua cadeira de ministro do STF e prestes a assumir a presidência da Suprema Corte", falou.

Sobre um pedido de impeachment contra o ministro Luís Roberto Barroso, Pacheco disse que ainda não foi apresentado, mas que, caso receba, vai apreciar com "independência". Mais cedo, parlamentares do Partido Liberal informaram que vão apresentar um pedido de impeachment contra o ministro.

Pacheco afirmou também que "há um esforço muito grande no Brasil" de pacificação e de "acabar com o ódio". "Nós temos exercido isso no dia a dia para que a gente possa ter uma país próspero, com menos intolerância e com mais amor. Cada qual tem que cumprir o seu papel para que isso aconteça no nosso país", declarou o presidente do Senado.

Me solidarizei com o ministro Luís Roberto Barroso quando sua excelência foi atacado de maneira muito veemente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em função do respeito que temos ao Supremo. Mas, de fato, devo registrar que tão inadequado quanto o ataque já sofrido pelo ministro Barroso, também, evidentemente, foi muito inadequada, inoportuna e infeliz a fala do ministro Barroso no evento da UNE, em relação a um segmento político, uma ala política à qual eu não pertenço."
Rodrigo Pacheco durante entrevista coletiva

Evento da UNE:

Em vídeos publicados na internet, o ministro relembrou a época da ditadura e que um "longo caminho" foi percorrido "para que as pessoas pudessem se manifestar de qualquer maneira que quisessem".

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"Em 1964, houve um golpe de Estado cujo presidente foi destituído por um mecanismo que não estava na Constituição. Só ditadura fecha Congresso, só ditadura cassa mandatos, só ditadura cria censura, só ditadura tem presos políticos", disse.

Ele também fez referência aos atos golpistas de 8 de janeiro. "Mais recentemente conseguimos resistir a um golpe de Estado que estava a caminho, portanto, temos compromisso com a história, com a verdade plural e com a obrigação de fazer um país melhor e maior".

O ministro gerou reações quando disse que "derrotamos o bolsonarismo".

Essa é a democracia que conquistamos. Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas"
Ministro Luís Roberto Barroso

O que diz o STF

O STF divulgou uma nota hoje para afirmar que a fala do ministro Luís Roberto Barroso sobre derrotar o bolsonarismo não se referia "à atuação de qualquer instituição".

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O comunicado diz que a frase "nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo" referia-se ao voto popular.

A nota também minimiza o fato de Barroso ter sido vaiado durante o discurso. "As vaias - que fazem parte da democracia - vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE".

O Ministro do STF Luís Roberto Barroso, o Ministro da Justiça, Flavio Dino, e o Deputado Federal Orlando Silva estiveram juntos, no Congresso da UNE, para uma breve intervenção sobre autoritarismo e discursos de ódio. Todos eles participaram do Movimento Estudantil na sua juventude. Apesar do divulgado, os três foram muito aplaudidos. As vaias - que fazem parte da democracia - vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE. Como se extrai claramente do contexto da fala do Ministro Barroso, a frase "Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo" referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição."
Nota do STF

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