Na PF, casal suspeito de atacar Moraes em Roma vai negar motivação política
O casal suspeito de hostilizar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no aeroporto de Roma, na Itália, vai dizer em depoimento à Polícia Federal que não houve ofensa direcionada a Moraes. O advogado Ralph Tórtima, responsável pela defesa de Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão, disse também que não houve "motivação política" na ocorrência.
O que se sabe sobre o depoimento
Os depoimentos estão marcados para esta terça-feira, e cada um deve durar cerca de uma hora e meia. O empresário Mantovani Filho e a sua mulher, Andreia, são esperados na sede da Polícia Federal na cidade de Piracicaba, no interior de SP. No domingo, o genro de Mantovani, Alex Zanatta Bignotto, foi ouvido pela PF.
A defesa do casal afirma que houve um "equívoco interpretativo em torno dos fatos". Segundo o advogado, a confusão ocorreu entre Andreia e a namorada do rapaz apontado por um agente da PF como filho de Moraes. Tórtima disse que o casal avistou o ministro no momento em que ele foi encontrar o filho e levá-lo de volta à sala em que estavam no aeroporto.
Fotos de Mantovani ao lado de Lula em 2004 devem ser apresentadas pela defesa à PF. O advogado informou que cogita mostrar aos policiais imagens em que seu cliente aparece ao lado de Lula em 2004, quando o empresário foi candidato a prefeito de Santa Bárbara d'Oeste (SP) pelo PL, partido que à época era aliado do petista — hoje é a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro. "Decidirei na hora, a depender do encaminhamento do delegado", declarou Tórtima ao UOL.
Qual é a versão da defesa
O advogado afirmou neste domingo que Mantovani Filho "precisou conter os ânimos do jovem ofensor", sem confirmar se se trata do filho de Moraes. Até o momento, não foram divulgadas imagens do episódio.
A defesa do casal negou que eles tenham ofendido ou ameaçado Moraes. Ao UOL, a defesa descreveu o que teria ocorrido no aeroporto de Roma. Segundo o advogado, a família do empresário estava no aeroporto de Roma em um grupo de sete pessoas: Mantovani Filho, Andreia, o filho Giovanni, o genro Bignotto, a mulher dele e dois filhos do casal.
Alex Bignotto caminhava um pouco a frente com a mulher e as duas crianças do colo, segundo relato da defesa. Eles teriam parado em uma primeira sala vip, mas não conseguiram entrar, uma vez que não haviam feito reserva. Os familiares de Mantovani seguiram, então, até uma segunda sala vip.
Nesse momento, Mantovani, Andreia e Giovanni teriam ficado para trás. Quando Mantovani e a esposa passaram pela sala vip número um, o empresário teria avistado o ministro do STF na recepção, próxima da sala vip, e comentado com o filho e a mulher. Até então, segundo a defesa, não teria havido contato entre eles.
A defesa afirma que, atrás do ministro, outras pessoas já o estariam ofendendo. Segundo o advogado, ocorreu uma rápida confusão. Uma mulher que estaria junto ao filho de Alexandre de Moraes teria começado a trocar ofensas e feito um "gesto obsceno" em direção a Andreia. Nessa hora, teria começado a discussão com Mantovani.
Andreia teria questionado o ministro por ele ter conseguido entrar na sala vip, e Bignotto, a esposa e as crianças, não. Na sequência, o rapaz, apontado como filho do ministro, teria "mandado beijos como uma forma provocativa a Andreia", ainda segundo a defesa.
Nesse momento, o filho de Mantovani, Giovanni, chamou Alex Zannata — que teria se deparado com um filho de Moraes ofendendo Andreia. Zanatta e Giovanni teriam, segundo a defesa, tentado apaziguar a confusão.
O momento em que eles foram fotografados na confusão: o argumento da defesa é que isso ocorreu quando Alexandre de Moraes saiu da sala vip para buscar o rapaz apontado pela PF como o filho do ministro e retornou para o mesmo espaço.
Reiteram que em nenhum momento ocorreram ofensas, muito menos ameaças ao Min. Alexandre, que casualmente passou por eles nesse infeliz episódio. Mesmo assim, se desculpam pelo mal-entendido havido, externando o veemente respeito que nutrem pelas autoridades públicas, extensivo aos seus familiares.
Nota da defesa de Roberto Mantovani Filho e Andréa Mantovani
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Quero receberO que Moraes disse à Polícia Federal
Moraes afirmou à PF ter sido hostilizado por três brasileiros no Aeroporto Internacional de Roma. O episódio teria ocorrido por volta das 18h45 da sexta-feira (horário local, 13h45 em Brasília). A informação foi confirmada por interlocutores da PF e do Ministério da Justiça.
O ministro foi chamado de "bandido, comunista e comprado", conforme a investigação. As palavras teriam vindo de Andréia Munarão. Advogados criminalistas afirmaram ao UOL que os brasileiros podem responder por crimes de injúria e agressão.
O filho de Moraes chegou a ser agredido fisicamente, segundo a PF. As agressões teriam partido de Mantovani Filho.
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