Salles defende golpe de 64 ao questionar GDias e gera tumulto na CPI do MST
Relator da CPI do MST, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) passou ao menos 10 minutos questionando se o general Gonçalves Dias é a favor do golpe militar de 1964.
O que aconteceu:
Salles pressionou diversas vezes, mas GDias se negou a responder inicialmente. O ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) foi chamado para depor hoje na comissão.
"Os militares, seus colegas, estão assistindo", disse Salles, antes de alegar que o ex-ministro se "recusa a se posicionar a favor da história da sua instituição". O depoimento de GDias foi requerido pelo próprio Salles para que o "ex-ministro preste esclarecimentos sobre a atuação na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no monitoramento de invasões de terra durante o atual governo".
O relator da CPI do MST ainda classificou o golpe de 64 como uma "importante medida". "A Força, o Exército que o senhor serviu 44 anos, sempre se orgulhou da importante medida de 31 de março de 1964. Se não fosse, chegaríamos mais rapidamente aonde alguns aqui querem chegar nesse momento. Para mim, soa muito estranho, para não dizer traição aos seus colegas, o senhor não dizer que 64 foi uma boa medida."
Após 10 minutos, GDias disse que a pergunta "não é objeto dessa comissão". "Minha Força, o Exército, pauta a conduta na hierarquia, disciplina, amalgamada na ética e moral, pensando em um país moral e com equidade para todos", falou o general.
Quando Salles retomava o assunto, para questionar o ex-ministro novamente, os demais deputados bateram boca.
Salles afirmou que a pergunta foi para "para situar ideologicamente onde se situa a testemunha". Ao ser confrontado por parlamentares governistas, o relator disse: "Pare de interromper para não se vitimizar depois".
A deputada Sâmia Bomfim disse que o presidente da comissão, tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), "fala grosso com mulheres e fala fino com golpistas", em referência a Salles. Os três protagonizam batalhas na CPI.
O que GDias respondeu?
Em depoimento, GDias negou ter recebido relatórios da Abin e falou que a instituição "estava em fase de recomposição", com reestruturações da gestão interna.
Questionado por Salles se avisou ao presidente Lula sobre planos para novas invasões, o ex-ministro respondeu: "Não tratei porque não tinha conhecimento, se eu tivesse tinha levado ao presidente, é uma resposta lógica".
O relator disse que "ou [GDias] está mentindo, ou sua administração foi incompetente".
O ex-ministro também disse ter ficado sabendo de algumas invasões do MST, como a de Suzano (BA) em fevereiro, "pela imprensa".
Tempo encurtado como ministro
GDias ocupou a liderança do GSI de 1º de janeiro a 19 de abril, quando deixou o cargo após surgirem imagens dele no 8 de janeiro sem dar voz de prisão aos que depredavam o Palácio do Planalto.
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