'Junte-se à guerra' e cartão de vacina: o que PF apurou sobre Gabriela Cid
Um relatório da Polícia Federal sobre o telefone celular de Gabriela Cid, esposa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), mostra a atuação dela na disseminação de notícias falsas contra a vacina da covid-19. Segundo o colunista do UOL Aguirre Talento, a PF também identificou discussões em grupo de WhatsApp sobre como fraudar o certificado de vacina.
Procurada pelo colunista do UOL, ela afirmou que não comentaria o assunto porque não teve acesso ao relatório.
Essa, porém, não é a primeira vez que Gabriela Cid tem o nome abordado pela PF. A esposa de Cid já havia incentivado atos golpistas e admitido o uso de cartão de vacina falso.
Incentivo a atos golpistas
Protesto contra eleições. Em junho, mensagens obtidas pela Polícia Federal durante perícia no celular do militar mostraram que Gabriela Cid incentivou manifestações conduzidas em Brasília e nas portas dos quartéis do país. Em diversas conversas, a esposa do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro pede a convocação de bolsonaristas para protestar contra o resultado das urnas.
"Não estamos mais em tempo de brincadeira. Muita gente!!!!! Junte-se a nós nessa guerra. Chame as pessoas para ocuparem seus espaços nessa mudança. Agora mais que nunca é chegada a hora da pressão popular nas ruas.
mensagem de Gabriela em 11 de novembro
Um dos diálogos obtidos pela PF é entre Gabriela e Ticiana Villas Boas, filha do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Boas, em 2 de novembro de 2022 — logo após o segundo turno das eleições. Gabriela diz que é preciso "pedir novas eleições com voto impresso" e que elas estão diante de um "momento tenso" em que é preciso pressionar o Congresso. "Nada de intervenção federal", escreveu.
Invadir Brasília como no 7 de setembro e dessa vez o presidente com toda a força agirá.
Gabriela Cid, em mensagem no dia 2 de novembro de 2022
Incentivo aos atos golpistas. Nos dias seguintes, a PF identificou conversas em que Gabriela Cid cobra de diversos contatos a participação nos protestos que já começavam a se organizar pelo país, especialmente entre os quartéis.
Defesa não comentou. Na época, a defesa de Mauro e Gabriela Cid afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo: "Por respeito ao Supremo Tribunal Federal, todas as manifestações defensivas serão feitas apenas nos autos do processo."
Cartão de vacina falso
Gabriela Cid afirmou em depoimento prestado à Policia Federal em maio que usou um cartão de vacinação com dados falsos. Ela afirmou que a responsabilidade pela inserção dos dados falsos foi de Cid. A estratégia da defesa, segundo o UOL apurou, era fazer com que Gabriela respondesse somente pelo uso de documentos falsos.
A mulher de Cid depôs no inquérito que apura fraudes em cartões de vacinação. Segundo a PF, há indícios de que tenham sido beneficiados no esquema, além dela e do próprio Mauro Cid, suas três filhas, o ex-presidente Bolsonaro e sua filha mais nova, e outros assessores.
Eles teriam obtido certificados de imunização sem terem tomado nenhuma vacina.
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