Presidente da CPI do 8/1 defende Forças Armadas: 'Fundamental à democracia'
Arthur Maia, presidente da CPI do 8 de Janeiro, afirmou hoje que as Forças Armadas foram fundamentais para preservar a democracia após a vitória de Lula (PT) nas eleições.
O que aconteceu:
Maia se reuniu hoje com o comandante do Exército, general Tomás Paiva, e o ministro da Defesa, José Múcio. À imprensa, Maia diz que foi ele quem sugeriu o encontro.
O encontro acontece após a CPI discutir a convocação de militares de alto escalão das Forças Armadas para investigar seus papéis nos atos golpistas.
Eu que liguei para general Tomás e disse que queria vir aqui. Quanto às convocações, isso não muda absolutamente nada. Não houve por parte do comandante nenhum pedido para que deixasse de convocar. O que me foi afirmado, e o que importa para o Exército, é que tudo seja esclarecido para provar o compromisso democrático com Brasil.
Arthur Maia à imprensa
Maia elogiou as Forças Armadas e afirmou que os acampamentos de golpistas em frente aos quartéis foram um "momento ruim para o Exército".
A condição individual de alguns membros não diminui o papel das Forças Armadas. Houve sim, dentro do Exército, pessoas que queriam manifestar sentimento contra a democracia. Não Exército como instituição, mas pessoas físicas.
Arthur Maia à imprensa
Ele também afirmou que as Forças Armadas foram fundamentais para a preservação da democracia durante a transição de governos. "Entendo que foi conduta correta, comprometida com a Constituição".
Após o encontro, o ministro Flávio Dino (Justiça) afirmou nas redes sociais que membros das Forças que "se desviam do papel constitucional e se envolvem na política" terão seus erros julgados pelo Judiciário.
As Forças Armadas prestam muitos serviços ao País. Por exemplo, sem elas não estariam ocorrendo a desintrusão das terras e a assistência em favor dos Yanomamis. E poderia citar outras atuações: segurança da navegação, da aviação e das nossas fronteiras. Quando membros das Forças…
-- Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) August 23, 2023
Alto comando a ser investigado
Os deputados e senadores governistas miram nomes do alto escalão. A justificativa é que militares são fiéis à hierarquia e as atitudes golpistas em quartéis ocorreram com conhecimento da cúpula das Forças.
O general Gustavo Henrique Dutra é um nome que está no radar dos governistas. Ele estava à frente do Comando Militar do Planalto e teria interferido para que o acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército não fosse desmobilizado.
O ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira, chefe da Defesa quando as reuniões mencionadas pelo hacker teriam ocorrido durante o governo Bolsonaro, pode entrar nessa lista. Interlocutores disseram que ele nega os encontros.
O depoimento do hacker também implicou coronel Marcelo Jesus, que atuava no Alto Comando do Exército. De acordo com Delgatti, ele foi o responsável por intermediar o seu contato com o general Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército entre março e dezembro do ano passado.
O coronel Jesus ainda teria participado de manifestações após a derrota de Jair Bolsonaro (PL), conforme o hacker.
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Quero receberNegociações para convocação
Eliziane Gama é favorável a ouvir os militares de alto escalão. Mas ela deve falar com o Palácio do Planalto antes de seguir com este plano. A ideia é saber qual a disposição do governo sobre o assunto.
O presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), adota uma atitude neutra na comissão. Então ela sabe que, se chamar um depoente que crie situação delicada para a oposição, caso de um militar, Maia deve compensar pedindo para ir um nome de peso do governo.
Os integrantes da oposição têm tentado convocar o ministro da Justiça, Flávio Dino. Outra alternativa seria o coronel Aginaldo de Oliveira, comandante da Força Nacional de Segurança em 8 de janeiro. O assunto ainda será discutido.
Por que CPI discute convocar militares?
Diversos episódios na CPI macularam a imagem dos militares. Houve declarações de depoentes e documentos que envolveram as Forças Armadas em episódios de natureza golpista.
Em seu depoimento, o hacker Walter Delgatti afirmou que esteve no Ministério da Defesa várias vezes e que prestou uma espécie de consultoria para os técnicos da pasta que tentavam desacreditar o sistema eleitoral.
Ele também falou que ajudou a elaborar um documento sugerindo criar dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas. O relatório do ministério divergiu dos resultados das demais entidades nacionais e estrangeiras de fiscalização.
Tudo isso que eu repassei a eles [militares] consta no relatório que foi entregue ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. Eu posso dizer hoje que, de forma integral, aquele relatório tem exatamente o que eu disse.
Walter Delgatti, hacker, à CPI
Na avaliação da senadora Soraya Thronicke, a aura que repousava sobre os militares se desmanchou. Ela acrescenta que situações claramente golpistas tiveram tolerância de integrantes das Forças Armadas.
Não é normal reuniões como essas [com Delgatti para desacreditar as urnas], que já estão provadas que aconteceram. Assim a população vai achando que é normal acampar na frente de quartéis.
Soraya Thronicke, senadora e membro da CPI
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), aparecer fardado para prestar depoimento também está na lista de imagens que desgastaram os militares.
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