Após atos golpistas, governo decide blindar vidros do Planalto em 2024
O governo Lula (PT) vai trocar os vidros do Palácio do Planalto, em Brasília, por material blindado. Ainda sem orçamento definido, o plano é abrir o processo de licitação no início do ano que vem.
O que acontece
Esta foi uma das sugestões feitas pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) após os atos golpistas de 8 de janeiro. Durante os ataques, a maioria dos vidros do térreo, que formam os limites do palácio, e parte dos vidros do salão nobre, no segundo andar, foram destruídos por vândalos.
A iniciativa ainda está em fase de avaliação, mas o GSI já tem o aval para prosseguir. Ainda é preciso acabar a análise da viabilidade estrutural da mudança, dada a diferença de peso entre os tipos de vidro, para chegar a um valor licitatório.
Segundo o UOL apurou, a previsão é que o processo seja divulgado nos primeiros meses do ano que vem, para que a obra seja realizada ainda em 2024.
Mais reforço
A mudança é vista como um reforço "simples", mas prático, por parte do GSI, responsável pela segurança do Planalto, em meio a possíveis manifestações.
O general Marcos Amaro, ministro do GSI, tem repetido que "cada vidro foi uma porta", o que facilitou o acesso dos golpistas no 8 de janeiro. Ele argumenta que só ter fechado a entrada, também destruída, não teria adiantado, dado o fácil acesso por qualquer outro trecho.
Da mesma forma que um ônibus ingressou com facilidade no Palácio do Planalto, em 30 de maio de 1989, por falta de uma barreira física para veículos (deficiência posteriormente sanada por meio do espelho d'água), também os vândalos de 8 de janeiro se aproveitaram da fragilidade dos vidros do piso térreo para invadirem o palácio. A instalação dos vidros reforçados com blindagem busca sanar essa fragilidade.
General Marcos Amaro, do GSI, ao UOL
Amaro assumiu o cargo no início de maio, após a saída do general Gonçalves Dias. A atuação de Gdias, como era conhecido o então ministro, foi muito criticada durante o 8 de janeiro. Ele chegou a ser acusado de conivência com os golpistas.
Ainda são necessários mais estudos
A mudança ocorrerá no ano que vem, mas ainda faltam estudos de viabilidade para abrir o processo de licitação. Há dois principais pontos a serem considerados:
Peso da estrutura: há diferentes tipos de blindagem, mas todas deixam a estrutura mais pesada. Como o Palácio do Planalto tem dois subsolos sob a estrutura principal, é preciso verificar, primeiro, de que forma as peças podem ser instaladas —se seria necessário, por exemplo, instalar novas vigas ou pilastras para aguentar o peso.
Aparência e tombamento: o Palácio do Planalto é tombado, como todo o projeto original de Brasília. É preciso avaliar se a mudança alteraria, por exemplo, a coloração dos vidros. Para isso, o GSI deverá consultar o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que confirmou ao UOL ainda não ter sido procurado.
"É importante lembrar que intervenções em bens tombados devem passar por análise técnica desta autarquia, de acordo com critérios de preservação, conforme Decreto-Lei nº 25/1937 e o artigo 216 da Constituição Federal", respondeu o Iphan.
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