Conteúdo publicado há 7 meses

Assessora de Anielle que ofendeu 'torcida branca' do São Paulo é demitida

A assessora da ministra Anielle Franco, que criticou a "torcida branca" do São Paulo durante a final contra o Flamengo pela Copa do Brasil, foi exonerada. A saída foi oficializada em edição extra do Diário Oficial na noite desta terça-feira (26), mas já tinha sido anunciada pelo Ministério da Igualdade Racial de tarde.

O que aconteceu:

Marcelle Decothé da Silva era chefe da assessoria especial do Ministério da Igualdade Racial. Em nota, a pasta informou que exonerou a funcionária para "evitar que atitudes não alinhadas a esse propósito interfiram no cumprimento de nossa missão institucional".

O comunicado de exoneração diz ainda que as manifestações públicas da servidora em suas redes estão "em evidente desacordo com as políticas e objetivos do MIR".

Com nove meses de atual gestão e um legado de luta de muitas e muitos que constroem as políticas de enfrentamento ao racismo no país, reerguemos a agenda de ações afirmativas e colocamos em prática medidas fundamentais de inclusão e valorização da população negra. Esta é uma luta que se configura como compromisso de governo e política de Estado, por isso seguiremos realizando as transformações sociais que a sociedade brasileira e os povos negros, quilombolas e ciganos almejam, prezando pela boa conduta das servidoras e servidores que compõem o nosso quadro.
Trecho de comunicado da pasta

Marcelle recebia R$ 17,1 mil por mês. Ela entrou no governo no dia 7 de fevereiro último, quando ganhou um cargo comissionado executivo para trabalhar 40 horas semanais como chefe da assessoria especial. Embora trabalhasse no ministério da Igualdade Racial, ela foi oficialmente contratada pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, segundo o Portal da Transparência do governo federal.

Apesar do salário bruto de R$ 17,1 mil, em junho ela embolsou R$ 30.085,26. O valor se refere aos adicionais de R$ 7,8 mil de "gratificação natalina" e R$ 9,6 mil de "outras remunerações eventuais".

Relembre o caso

A assessora especial Marcelle Decothé reclamou da "torcida branca" do São Paulo no Instagram. Ela estava no Morumbi no domingo (24) para acompanhar a ministra Anielle (Igualdade Racial) na assinatura de um protocolo do governo federal contra o racismo no esporte.

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Imagem: Reprodução/Redes sociais
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Marcelle é torcedora do Flamengo. Ela postou uma foto na arquibancada do Morumbi e escreveu: "Torcida que não canta, descendente de europeu safade... Pior tudo de pauliste (sic)".

Em outro stories, Marcelle faz um gesto obsceno no meio da torcida do São Paulo. Depois, ela segura uma camisa do Flamengo e critica a diretoria: "Independente da diretoria fascista, dos pau no koo (sic) que acha que merece vestir a camisa desse clube, pra sempre Flamengo".

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Imagem: Reprodução/Redes sociais

A mesma foto de Marcelle com uma camisa do Flamengo foi publicada pela assessora Luna Costa: "Marcelle brincando com o perigo abrindo a camisa do Flamengo no meio da torcida do São Paulo".

Em outra publicação, Marcelle ironiza o fato de suas colegas vestirem camisas do Brasil. "30 segundos de diálogo com a CBF, já viraram patriotas".

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Imagem: Reprodução/Redes sociais
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Funcionários do Ministério da Igualdade Racial já tinham alertado o alto escalão da pasta a respeito da necessidade de manter a formalidade em agendas oficiais. A apuração é do Estadão.

Em nota, o Ministério da Igualdade afirmou que a conduta das servidoras será investigada internamente.

O Ministério da Igualdade Racial declara que recebeu a informação a respeito da postagem das servidoras em perfil privado de rede social e que, ainda que as postagens tenham sido feitas em momento de descontração, fora dos ritos institucionais e de tom informal, o caso será submetido às instâncias internas de investigação para apuração da conduta das servidoras.
Posicionamento do Ministério da Igualdade Racial

Ministra é criticada por usar avião da FAB

A ministra Anielle e suas assessoras usaram um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para ir à final da Copa do Brasil para um ato do governo. Durante o jogo, houve a divulgação do Disque 100 para violações de Direitos Humanos no telão do Morumbi.

Anielle respondeu as críticas e disse que foi ao Morumbi para combater o racismo. "É inacreditável que uma ministra seja questionada por ir fazer o seu trabalho de combate ao racismo e cumprir o seu dever".

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Também estiveram presentes na ação o ministro Silvio Almeida, de Direitos Humanos e da Cidadania, e André Fufuca, do Esporte, e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues.

Parlamentares da oposição e bolsonaristas acusaram Anielle de usar um avião da FAB para assistir a final da Copa do Brasil. "É só coincidência ela ter ido justo no dia da final sendo ela flamenguista, gente. Ela não pôde ir em momento algum antes disso", afirmou o líder da oposição na Câmara dos Deputados, o deputado Carlos Jordy (PL).

O uso de avião da FAB é regulamentado por um decreto presidencial e prevê uma ordem de prioridade: primeiro, em casos de emergências médicas; segundo, quando há razões de segurança; por fim, viagens a serviço. As regras em vigor não permitem solicitar o jato para passar o final de semana em casa.

Em nota, o Ministério da Igualdade Racial informou que "a final da Copa do Brasil foi escolhida para a realização da ação de divulgação pelo alto número de pessoas presentes no estádio e pela grande audiência, típica de uma final de campeonato, independente de quais clubes a disputassem".

Disse ainda que "o voo da FAB foi utilizado para uma missão institucional, como é praxe em deslocamentos para ações ministeriais e de governo e como uma medida de economia de gastos públicos para locomover as equipes".

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