'Complexa, mas segura': como vai ser a cirurgia no quadril de Lula
O presidente Lula (PT) passa por uma cirurgia no quadril nesta sexta (29) para aliviar dores em decorrência de uma artrose. O procedimento, sem horário divulgado, deverá durar até duas horas e é considerado de risco baixo.
Como será a cirurgia
O presidente passa por uma artroplastia total de quadril, na parte superior do fêmur direito, para a implantação de uma prótese híbrida-cimentada e sem cimento. Na prática, partes dos ossos da coxa e da bacia são retiradas e substituídas por peças artificiais de metal e porcelana.
O objetivo é retomar a articulação no quadril do presidente, desgastada por uma artrose. São substituídas a cabeça do fêmur e parte cavidade da bacia, chamada de acetábulo, onde o osso se encaixa.
A cirurgia acontece no Hospital Sírio-Libanês de Brasília, com a equipe médica que o acompanha em São Paulo. A expectativa é que o presidente fique internado no máximo até terça-feira (3) e depois se recupere no Palácio da Alvorada, com ritmo reduzido de trabalho.
De acordo com cirurgiões ortopedistas ouvidos pelo UOL, a operação é "complexa, mas segura", com risco de intercorrências próximo a zero. Lula já deverá ficar em pé no mesmo dia, embora é provável que seja encaminhado à UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) nas horas seguintes, para acompanhamento.
Aos quase 78 anos, a recuperação, no entanto, deverá ser um pouco mais longa. O presidente brinca que já irá trabalhar na semana que vem, mas é provável que passe os próximos dois a três meses andando com auxílio.
'Seguro como andar de avião'
Cirurgiões ortopedistas ouvidos pelo UOL classificaram o procedimento como "complexo, seguro e rápido", sem oferecer riscos ao presidente. Ela é chamada de cirurgia "total" no quadril, porque serão implantadas duas próteses:
- Na bacia, é colocada uma prótese em forma de concha por meio de pressão, sem necessidade de cimento ortopédico (por isso a operação é chamada de "hibrida-cimentada e sem cimento").
- Já no fêmur, é colocada uma pequena haste em formato de um pino, fixada por cimento ortopédico, com cabeça de cerâmica.
A comparação que gosto de fazer é com aviação. Andar de avião é extremamente complexo, mas é seguro e raro ter acidentes. A prótese de quadril é a mesma coisa, ela é uma cirurgia complexa, tem uma série de detalhes de como se pode fazer, detalhes sobre recuperação e segurança, mas 97% das cirurgias têm bom resultado e os pacientes ficam satisfeitos.
Leandro Ejnisman, ortopedista especialista em quadril, do Hospital Albert Einstein
Embora a Secom (Secrataria de Comunicação Social) não tenha confirmado, o uso da cabeça de cerâmica é provável pela durabilidade: resiste de 20 a 30 anos, a depender do paciente, enquanto a de metal —outra opção possível— dura a metade desse tempo, de 10 a 15 anos, até precisar de troca.
Segundo os especialistas, outra vantagem do material usado atualmente é que o índice de rejeição é próximo de zero e o procedimento não causa sangramentos. Atualmente, já não é mais comum nem que se corte o músculo do glúteo médio, que fica à frente da área operada.
Ela foi eleita a 'cirurgia do século 20', pois, apesar de ser complexa, é rápida e com recuperação simples. Os maiores riscos são trombose ou embolia, o entupimento de algum vaso, mas raro. Risco de sangramento praticamente não existe --em óbito nem se fala, deve ser um ou dois a cada 10 mil casos -- e, hoje, a rejeição às próteses é só de 1%.
Rodrigo Kunz, cirurgião ortopedista e membro da SBOT-RS (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - Regional do Rio Grande do Sul)
Meses em ritmo reduzido
A recuperação da cirurgia também é considerada rápida se comparada a outras, mas dada a idade e os cuidados em relação ao presidente, Lula terá de passar alguns meses em ritmo desacelerado —por mais que o próprio seja contra isso.
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Quero receberSegundo os médicos, não há necessidade que o paciente vá para a UTI após o procedimento, só que, sendo o presidente da República, este cuidado deverá ser tomado por até 24 horas. No próprio hospital, ele já deve ficar em pé e caminhar com ajuda de andador e de uma equipe de fisioterapia.
Por enquanto, a ida ao Alvorada está marcada para terça. Lá, o presidente deve ficar até dois meses, andando com ajuda de andador ou muleta e evitando viagens longas.
Normalmente, segundo os médicos, os pacientes já conseguem fazer caminhadas (Lula gosta de andar na esteira) após 45 dias, mas o futebol, que ele diz querer retomar, só depois de seis meses e com liberação.
Para este ano, só há mais uma viagem internacional prevista: a ida a Dubai no final de novembro, dois meses após a operação, para a COP28. Na volta, fará uma parada na Alemanha.
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