Especialistas criticam falta de medidas práticas em programa contra facções
Especialistas em segurança pública criticaram a falta de ações práticas no programa federal de combate ao crime organizado lançado hoje em Brasília pelo ministro Flávio Dino (Justiça).
O que dizem os especialistas
Professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) especializado em Segurança Pública, Rafael Alcadipani criticou o que vê como "falta de transparência" do governo federal.
O programa não mostra o que tem que ser feito e diz que só vai apresentar algo mais consistente em 60 dias. Não sabemos como essas ideias vão sair do papel. O governo não apresentou uma resposta efetiva no combate ao crime organizado.
Rafael Alcadipani
Antropólogo e capitão veterano do Bope no Rio de Janeiro, Paulo Storani diz não ver soluções no programa.
O governo não sabe como agir em relação à explosão de violência nos grandes centros do país. No Rio, há uma disputa por território no crime organizado. Mas não existe uma política nacional de repressão ao tráfico.
Paulo Storani
Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, prevê dificuldades para articulação de um programa nacional.
Ainda sem ter acesso à íntegra do Plano, avalio que o anúncio do MJSP sinaliza para um conjunto de ações que visam, acertadamente, pontos estratégicos para o enfrentamento das organizações criminosas no país, cada vez mais poderosas financeira e belicamente. O desafio será conseguir coordenar tantas agências e forças, em diferentes âmbitos federativos, diante de um quadro normativo que, historicamente, incentiva a fragmentação e o insulamento das polícias.
Renato Sérgio de Lima
O que foi anunciado
O Programa Nacional de Enfrentamento as Organizações Criminosas contará com um investimento de R$ 900 milhões. As ações serão desenvolvidas nos próximos três anos, informou o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O governo federal anunciou uma série de medidas, como integração entre as polícias e fiscalização em portos e aeroportos. Mas não detalhou quais serão as ações para coibir a onda de violência na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública também descartou inicialmente ações com intervenção federal em áreas onde há confrontos entre policiais e criminosos. "Não posso acordar de manhã e pensar: 'Vamos fazer intervenção federal'. É preciso motivar, que o Congresso e o presidente aprovem", disse Flávio Dino.
É falsa a ideia de que todos os problemas dos países vão ser resolvidas só com inteligência, ou apenas dando tiro a esmo. Nem uma coisa, nem outra. É juntando.
Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública
Deixe seu comentário