PGR defende manutenção de denúncia contra Kajuru por fala sobre Gilmar
A PGR (Procuradoria-Geral de República) defendeu a manutenção da denúncia contra o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) por ofensas feitas ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.
O que aconteceu:
Em abril, a PGR ofereceu denúncia contra o senador pelo crime de calúnia. Kajuru acusou, em três ocasiões diferentes, o ministro do Supremo de praticar "venda de sentença".
Em 17 de março de 2019, durante entrevista concedida à rádio Bandeirantes, Kajuru afirmou que o ministro teria vendido sentenças. "Nós queremos saber como você tem 20 milhões de patrimônio. De onde você tirou esse patrimônio (...), Gilmar Mendes? Foram das sentenças que você vendeu, seu canalha! Das sentenças que você vendeu!", disse o senador.
As demais ofensas ocorreram durante entrevista em agosto de 2020 à rádio Jovem Pan e à TV Jornal da Cidade Online. À Jovem Pan, Kajuru chegou a dizer que Gilmar não era o "único" a fazer isso na Corte, mas que não havia "ninguém lá pior do que ele".
A defesa de Kajuru argumentou que, em abril deste ano, o senador pediu desculpas ao ministro publicamente, durante a 26ª Sessão Deliberativa Ordinária do Senado Federal. Os advogados argumentam ainda que Kajuru decidiu se desculpar "por livre e espontânea vontade", reconhecendo todos os desrespeitos e exageros cometidos.
Para Ana Borges Coêlho, o pedido da defesa não deve ser acolhido. "Em se tratando de calúnia cometida contra funcionário público, a ação deixa de ser privada. (...) não gerando nenhum efeito o pedido de desculpa, nem a retratação. O bem juridicamente tutelado, nesses casos, deixa de ser primacialmente a incolumidade moral do ofendido e passa a ser o Estado, que é o real interessado na defesa do cargo público", explicou.
Na manifestação, publicada na quarta-feira (5), a vice-procuradora-geral da República, Ana Borges Coêlho, defendeu que declarações proferidas pelo senador "guardam relação com a função pública exercida pelo ministro do Supremo", visto que o parlamentar imputa-lhe a prática de "venda de sentenças".
Ana Borges argumenta ainda que, ao atribuir "falsamente a prática do crime de corrupção passiva" ao ofendido, o acusado descredibiliza a sua atuação como magistrado da mais alta Corte do país. "Assim, a retratação de Jorge Reis da Costa Nasser em nada influi para o caso ora em estudo, não servindo para afastar sua responsabilização pelo delito cometido", escreveu.
O UOL procurou o senador Jorge Kajuru, mas não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
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