Partido de Alckmin está menos fiel após perder poder em reforma ministerial

O PSB viu o presidente Lula (PT) transferir um ministro de seu partido para abrir espaço ao centrão na Esplanada. A mudança significou perda de poder para o partido do vice-presidente Geraldo Alckmin. Desde então, o apoio da sigla ao governo diminuiu nas votações na Câmara.

O que aconteceu

Contra sua vontade, Márcio França precisou deixar o Ministério dos Portos e Aeroportos e ir para uma pasta menos prestigiada para que Lula tivesse como abrigar o Republicanos.

O deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) tomou posse em 13 de setembro. O comportamento dos 14 deputados do partido de Alckmin mudou a partir desse dia.

Até essa data, 93,1% do PSB seguia a orientação do governo nos projetos apreciados pelo plenário da Câmara. O percentual fazia da legenda a quinta mais alinhada ao governo Lula.

Os dados são da plataforma Power BI montada pela oposição para monitorar a atividade parlamentar, à qual o UOL teve acesso.

Os números são resultado da soma dos votos de cada deputado do PSB nas 60 votações ocorridas do início do ano até 13 de setembro, data em que foi oficializada a troca no Ministério dos Portos e Aeroportos.

O ex-governador Márcio França, que foi para o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte
O ex-governador Márcio França, que foi para o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte Imagem: Simon Plestenjak/UOL

PSB menos governista

Nas votações realizadas de 13 de setembro em diante, 74,5% da bancada seguiu a orientação do governo. O partido de Alckmin se tornou apenas o 12º que mais vota de acordo com os interesses do governo Lula.

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O alinhamento com a recomendação da oposição subiu para 25,5% a partir da transferência de França. Antes, o índice de infidelidade do PSB era de somente 6,8%.

Antes da mudança ministerial, deputados do partido já reclamavam da falta de emendas. Eles argumentavam que são governo e recebem menos verba que parlamentares do centrão.

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Perda de poder

Márcio França foi o político que sugeriu e azeitou a chapa formada por Lula e Geraldo Alckmin. Integrante de uma sigla de esquerda, aliado do vice-presidente e responsável pela articulação de uma chapa presidencial vencedora, ele ganhou um cargo no primeiro escalão.

O reduto eleitoral de França é a Baixada Santista e ser ministro dos Portos e Aeroportos era importante, já que Santos abriga o principal terminal de cargas marítimas do país.

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Além disso, França é contra a privatização do porto da cidade, posição oposta à de uma dos seus maiores adversários, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Ocorre que o substituto de França é do Republicanos, assim como Tarcísio. A situação pode ajudar o atual governador a ganhar pontos na disputa.

Acomodado no Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, França viu sua influência e orçamento minguarem.

O descontentamento com a troca ficou óbvio com a imagem de França na tribuna de honra do desfile de 7 de Setembro. Na ocasião, a transferência já estava sinalizada. Ele nem sequer se aproximou de Lula, prenunciando o que viria nas votações na Câmara.

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