Governo Tarcísio quer demolir casas do local da tragédia de São Sebastião
O governo de São Paulo fez um pedido à Justiça para remover moradores e demolir 893 casas da Vila Sahy, bairro de São Sebastião, no litoral norte. Em fevereiro, 64 pessoas morreram após deslizamentos na região.
O que aconteceu
A Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo justifica a urgência da remoção dos moradores por conta de possíveis novos deslizamentos. O pedido contraria o desejo dos moradores representados pela Amovila (Associação de Moradores da Vila Sahy).
O governo de Tarcísio de Freitas afirma que a decisão é necessária para que "haja a urbanização" do bairro e também a continuidade de obras de contenção — para evitar novos deslizamentos na região. O Estado diz também que parte da área é "considerada de alto risco".
Nas redes sociais, a Amovila afirmou que é a favor da continuidade das obras, mas criticou a decisão do governo. "Precisamos pressionar o poder público para que esta ação violenta não ocorra", diz nota divulgada na sexta-feira (1º).
Os moradores marcaram uma passeata para amanhã (3). "Às vésperas do Natal nos deparamos com uma ação judicial proposta pelo governo que pretende remover 80% da Vila Sahy à força", afirma.
A gestão de Tarcísio afirmou, em nota enviada ao UOL, que tem abordado o assunto com a comunidade nos últimos meses. "O tema também está mencionado em cartilhas distribuídas aos moradores detalhando os fatores de risco e as ações que estão sendo desenvolvidas", diz.
Reportagem do UOL mostrou que o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) indicou risco de deslizamento na Vila Sahy em 2020. Na época, a Promotoria recomendou o "fortalecimento" do planejamento da política habitacional.
Justiça marcou audiência
Na terça-feira (5) será analisado o pedido do governo. A Procuradoria precisa apresentar à Justiça a estimava de casas, famílias e pessoas que serão afetadas, além de indicar um técnico responsável pelos estudos apresentados.
O juiz Vitor Hugo Aquino de Oliveira, da 1ª Vara Cível de São Sebastião, também pediu para que o governo responda sobre o destino dos moradores, caso a remoção aconteça. A reportagem procurou a Prefeitura de São Sebastião, mas não teve retorno.
Está sendo finalizada a construção de 704 unidades em Maresias e Baleia Verde, que serão entregues até o fim do ano. Outras 286 unidades estão em licitação no bairro Topolândia.
Governo de São Paulo
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