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Bolsonaro diz que Carlos vai depor amanhã na PF: 'Marcado há uns dias'

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje, em entrevista à CNN Brasil, que seu filho Carlos Bolsonaro vai depor amanhã à Polícia Federal, e que a oitiva já estava marcada.

O que aconteceu

Carlos já tinha sido avisado do depoimento "há uns dias", segundo o ex-presidente. Mais cedo, a PF fez busca e apreensão em endereços ligados ao vereador do Rio de Janeiro, incluindo a casa de veraneio de Jair Bolsonaro em Angra dos Reis.

Bolsonaro disse que "tudo [está] em segredo de Justiça, não [se] pode ter acesso a nada". O ex-presidente também disse que não passou orientações ao filho, e que ele irá acompanhado do advogado.

Entretanto, advogado diz que depoimento não se relaciona à operação de hoje. Na rede social X, Fábio Wajngarten disse que o processo se relaciona a publicações com ameaças a Jair Bolsonaro, como "ataque de decapitação, fotografia de pessoas jogando futebol com a cabeça do Presidente", citou. "Em nada se relaciona com os acontecimentos de hoje", escreveu.

Ex-presidente afirmou que eles não souberam da operação de hoje com antecedência. Bolsonaro e os filhos Carlos e Flávio tinham ido pescar antes da chegada dos agentes da PF na casa de Angra, diz a família. Investigadores desconfiam de que Carlos havia sido informado da operação, afirma o colunista Aguirre Talento, do UOL.

Ele vai com advogado para evitar qualquer possível exagero. Ele vai prestar depoimento, já está marcado há uns dias, estava em segredo de Justiça, tanto que não havíamos falado com ninguém. Por que não esperar para amanhã fazer as perguntas que tem que fazer? Que participação ele tem em Abin paralela, gabinete do ódio?
Jair Bolsonaro em entrevista à CNN Brasil

Bolsonaro voltou a negar que tenha tido acesso à "Abin paralela". O ex-presidente também disse "desconhecer" qualquer pedido que os filhos tenham feito a Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que também foi alvo da PF na semana passada.

Pré-candidatura de Ramagem à Prefeitura do Rio não se abala com operações, diz Bolsonaro. O ex-presidente chamou o aliado de uma "pessoa muito correta" e avalia que as investigações "não arranham em nada" a pretensão eleitoral do deputado federal.

Entenda a operação de hoje

A PF fez buscas numa casa em Angra dos Reis (RJ) onde estão Carlos, os irmãos Eduardo e Flávio e Jair Bolsonaro. Também houve busca e apreensão na casa de Carlos, na Barra da Tijuca, e no seu gabinete na Câmara Municipal do Rio.

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Outro alvo é Giancarlo Gomes Rodrigues, ex-assessor da Abin. A PF encontrou e apreendeu dez celulares na casa do militar.

A PF investiga se aliados de Bolsonaro na Abin usaram, de forma indevida, outras ferramentas de espionagem, além do First Mile. O software permite o monitoramento de geolocalização de celulares em tempo real. Segundo a PF, o então diretor da agência, Alexandre Ramagem, teria utilizado sua posição para "incentivar e encobrir" o uso de um programa espião.

Os investigadores suspeitam de que Ramagem utilizou da estrutura da Abin para tentar fazer provas em defesa de Flávio e Jair Renan Bolsonaro, filhos do ex-presidente, e espionar adversários políticos do ex-mandatário, como Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara.

Família Bolsonaro disse não ter realizado atos de espionagem. O ex-presidente disse que a Abin paralela "jamais existiu" e elogiou Alexandre Ramagem durante uma live feita com seus filhos no domingo (28).

A Abin teria sido instrumentalizada para monitoramento da promotora de Justiça responsável pelo caso da vereadora Marielle Franco. Em decisão que autorizou buscas contra Ramagem, o ministro Alexandre de Moraes classificou a postura do ex-diretor da Abin como de "natureza gravíssima".

O First Mile é um programa adquirido pela Abin que permite ao usuário rastrear dados de geolocalização de qualquer pessoa. A ferramenta permite o rastreio de até 10 mil pessoas por ano.

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