Sakamoto: Lira usa Padilha para bater em Lula, até trocá-lo por aliado

Ao bater no ministro e falar 'o Padilha não cumpre compromissos', ele está batendo no próprio Lula. Na avaliação de Lira, o governo não cumpre determinados compromissos. Ou seja, o governo pisa no freio na liberação das emendas e não as disponibiliza na velocidade com a qual Lira e os líderes partidários querem. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Não é o Padilha que vai decidir isso sozinho, isso passa por decisão do presidente, do Rui Costa, que é ministro-chefe da Casa Civil. Quando dizem que Lira está 'batendo e espancando' Padilha, ele está espancando as decisões tomadas pelo governo Lula, e portanto, o próprio presidente da República. Mas como não vai bater no Lula direto, ele bate no Padilha. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto diz que há parlamentares do próprio PT que são próximos ao Arthur Lira que defendem a substituição do ministro, a fim de facilitar as articulações e os interesses do presidente da Câmara.

Tem gente que fala para trocar [o ministro]. Gente inclusive do PT que é próxima do Lira e defende a substituição para ter uma relação extrapolada no pragmático com o Congresso Nacional. Defende a troca para que o Padilha volte a ser deputado e que outro deputado assuma essa costura. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

[Querem que seja] um nome relacionado com Lira, que é hoje o presidente do 'sindicado dos deputados do Brasil'. Esse pessoal defende que esse substituto seja alguém da base do presidente do sindicato dos deputados do Brasil para ser colocado no Palácio do Planalto a fim de poder defender os interesses do Lira e de líderes, e não necessariamente os interesses do país. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

É uma doideira? É. Ninguém nega a importância de emendas parlamentares. É importante que os parlamentares consigam investir recursos nas suas bases eleitorais, têm demandas importantes lá e há recurso para isso. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Mas, conforme o colunista, o que Arthur Lira defende é um orçamento que vise prioritariamente os municípios, o que seria impraticável por tornar inviável, por exemplo, políticas nacionais de saúde, educação, transportes, defesa.

O que Lira defende é o que ele chama de 'orçamento municipalista', baseado nas necessidades dos municípios. A questão é que nenhum país é de fato um país se você apenas garantir o orçamento para os municípios. Você não tem estradas nacionais, políticas agrícolas, de meio ambiente. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Você precisa de um orçamento que seja regional, que seja de projetos nacionais. Para isso, não pode colocar todo dinheiro nas emendas para serem distribuídas lá nos cantinhos. Mas isso é para quê? Para bancar os prefeitos, que depois que se elegerem agora, vão atuar para reeleger os deputados lá na frente, em 2026. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Nesse sentido, a meta final do Congresso não é o benefício da população brasileira, é a manutenção desses deputados nos seus cargos daqui a três anos. Isso é uma pena para o país. Agora, o problema ficou no colo do Padilha. Os próprios deputados dizem que ele é muito educado, mas não entrega. Não é o Padilha, é o governo. Aí vão ficar usando o Padilha para brigar até troca-lo por uma pessoa que seja da confiança do Lira para poder fazer essa briga dentro do Palácio do Planalto. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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