Vereadores de SP decidem hoje se instalam CPI contra padre Lancellotti
A Câmara Municipal de São Paulo deve analisar nesta terça (6) se instala uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as atividades do padre Júlio Lancellotti e entidades que atuam na "cracolândia".
O que aconteceu
Arquidiocese de São Paulo afirma que segue investigando padre. Em nota divulgada nesta segunda (5), a entidade católica informou que segue "em busca da verdade" a respeito de denúncia recente contra Lancellotti. Segundo a Folha, um suposto assédio sexual praticado contra um ex-coroinha em 1987 teria impulsionado a apuração. O relato foi feito à conservadora revista Oeste.
Conservadores usam vídeo para acusar padre de pedofilia. No começo do mês, vieram a público imagens nas quais um homem identificado como Lancellotti (o que não foi confirmado em nenhum momento) troca mensagens pelo celular com um suposto jovem (que não aparece na gravação) e se masturba em uma chamada de vídeo.
Padre nega as acusações
Imputações são "completamente falsas", afirma Padre. Em nota divulgada ontem, o religioso disse que "as acusações estão imbricadas em uma rede de desinformação, que mascara eventuais interesses de setores do poder político e econômico" e disse ter "plena fé que as apurações conduzidas pela Arquidiocese esclarecerão a verdade dos fatos".
Notícia embaralhou cenário
Notícia embaralhou o cenário político. Até o começo da tarde desta segunda (5), vereadores consultados pelo UOL diziam não acreditar que a comissão fosse ser instalada. Entretanto, a divulgação da nota da arquidiocese pode mudar o panorama. "A atitude correta, transparente e idônea da Arquidiocese pressiona a Câmara a continuar o seu trabalho", afirmou à Folha Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara, após a novidade vir a público.
Assunto não é "prioridade", afirma vereador. O político, que preferiu não se identificar, disse que a instalação da comissão deve ser abordada na reunião do colégio de líderes, às 14h, mas tem poucas possibilidades de ir adiante.
"Seria desgastar muito a Câmara", disse um membro da oposição. Dentro do grupo, já há um consenso de trabalhar contra a instalação da CPI, caso o tema venha a ser discutido no colégio de líderes.
"Acho que não deve ir para frente", disse prefeito sobre comissão. Há cerca de um mês, Ricardo Nunes (MDB) afirmou que a falta de apoio na Câmara, dentre outros fatores, deve enterrar a comissão.
Nos bastidores, comenta-se que uma CPI liderada pela situação colocaria o prefeito na posição de "perseguidor" de quem acolhe os mais pobres. É um papel especialmente desconfortável para Nunes, em um ano no qual ele busca a reeleição.
O que precisa acontecer para que CPI seja criada
A reunião define temas a serem tratados pela Câmara durante a semana. Sempre realizado às terças, o encontro das lideranças de cada partido na Câmara não tem uma lista predefinida de assuntos a serem abordados. Por isso, não é certo que o assunto da CPI será analisado no encontro — embora seja esperado que isso aconteça.
O colégio de líderes toma decisões por consenso. Ou seja, a expectativa é que os vereadores conversem sobre a possibilidade de instalar ou não a CPI e cheguem a uma decisão conjunta, sem votações.
Caso colegiado decida implantar comissão, ainda será necessário o aval do plenário. Para que a CPI saia do papel de vez, 28 dos 55 vereadores precisam votar a favor de sua instalação.
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Quero receberRelembre o caso
ONGs que atuam na "cracolândia" são alvo do pedido de CPI. Protocolado, em dezembro, pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), o documento pede que se inicie uma investigação sobre a oferta de "alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento de dependentes químicos" por organizações nessa região.
Após protocolar o pedido, o vereador afirmou que vai mirar também no padre Júlio. Isso não está especificado no texto do requerimento. Após a informação vir à tona, alguns vereadores decidiram retirar o apoio à proposta.
"Todos sabiam do conteúdo", diz Rubinho, sobre o requerimento para abertura de CPI. O pedido foi protocolado com mais de 19 assinaturas, o mínimo previsto, segundo o regimento interno.
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