PMs são presos acusados de sequestrar agiota e exigir R$ 140 mil em SP
Os soldados Leonardo Bertozzi Paschoal, 33, e Thiago de Lima Matos, 27, da Polícia Militar, foram presos em flagrante por volta das 15h de sexta-feira (26), em Guarulhos, na Grande São Paulo, após sequestrar um agiota de 23 anos e exigir R$ 140 mil para libertá-lo.
A Corregedoria da Polícia Militar havia recebido informações detalhadas sobre o crime de extorsão mediante sequestro e apuraram que o dinheiro seria entregue em frente ao Hospital Geral de Guarulhos, no Parque Cecap. Agentes do serviço reservado da PM fizeram diligências no local.
Porém, foram recebidos a tiros. O carro dos agentes ficou danificado, mas ninguém se feriu. Os sequestradores tentaram fugir e acabaram presos na rua Inglaterra, no mesmo bairro, por homens do 15º BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) de Guarulhos.
Além de Thiago e Leonardo, os militares também prenderam o porteiro Igor Pereira Vitalino, 32. O trio foi indiciado por extorsão mediante sequestro e tentativa de homicídio, pois resistiu à prisão, atirando contra os agentes do serviço reservado.
A SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) informou por meio de nota que os soldados foram encaminhados para o Presídio Militar Romão Gomes, na Água Fria, zona norte de São Paulo, e o porteiro Igor, para a carceragem do 1º Distrito de Guarulhos.
A pasta informou ainda que o flagrante foi registrado no 6º DP de Guarulhos. Em depoimento na delegacia, o agiota contou que na sexta (26), por volta das 7h30, dormia em casa com a namorada, quando foi surpreendido por um homem armado.
Segundo a vítima, o sequestrador e outro comparsa armado o ameaçaram várias vezes e obrigaram-no a ficar de joelhos ao lado da namorada, do irmão dele e de um inquilino. Posteriormente, as demais vítimas foram trancadas em um quarto.
O agiota foi colocado em um Ford Ka preto. Um dos sequestradores pôs um capuz nele. A vítima disse à polícia que o carro circulou por uns 40 minutos até chegar na zona leste da cidade. No cativeiro, o soldado Leonardo o ameaçou e disse saber quem ele era e o que fazia.
Sócio de agiota é filho de uma PM
Ainda conforme relato da vítima, o soldado Leonardo usou um celular e ligou para o sócio do agiota, exigindo R$ 140 mil para libertá-lo. Depois de algumas negociações, feitas por ligações telefônicas, os sequestradores concordaram em reduzir o valor do resgate para R$ 40 mil.
Os soldados só não sabiam que o sócio do agiota era filho de uma policial militar, também lotada no 15ª BAEP. O rapaz foi orientado a ligar de volta para o sequestrador, pedindo uma prova de vida da vítima. Isso foi feito em uma chamada de vídeo.
Assim que completou a ligação, o sócio da vítima notou que no número discado aparecia o nome de Leonardo Bertozzi. O sequestrador foi rapidamente identificado como soldado da PM. A Corregedoria da Polícia Militar foi imediatamente avisada.
O sócio do agiota foi então ao local combinado para a entrega do dinheiro. Na bolsa dele, no entanto, havia apenas R$ 1 mil. Os PMs e o porteiro tentaram a fuga mas não foram muito longe. Em depoimento, os soldados negaram a extorsão mediante sequestro.
Ambos alegaram que tinham emprestado um dinheiro para a vítima e foram cobrar a dívida. Leonardo trabalhava no 15º Batalhão, de Guarulhos e estava na PM desde 25 de novembro de 2014. Thiago era lotado no 18º batalhão (Freguesia do Ó) e ingressou na corporação em 26 de maio de 2015.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Leonardo, Thiago e Igor. O espaço continua aberto para manifestação dos defensores dos acusados.
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