Reunião de Bolsonaro com ministros aconteceu fora da agenda presidencial
A reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com ministros que ajudou a embasar a operação de ontem (8) da Polícia Federal não constava na agenda oficial dele, disponibilizada ao público.
O que aconteceu
Únicos compromissos do ex-presidente no dia na agenda oficial eram uma reunião com Renato de Lima França, subchefe-adjunto para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência, às 15h, e a cerimônia de posse da presidente da Caixa, Daniella Marques, às 16h.
Em discurso no evento do banco, transmitido ao vivo, Bolsonaro disse que fazia reuniões com ministros "em salas reservadas". "Nós todos, militares, fizemos juramento de defender a pátria com o sacrifício da própria vida, mas todos nos temos algo mais importante, que é nossa liberdade. Converso com todos os ministros, muitas vezes em salas reservadas, onde somos mais iguais do que nunca para discutir essas questões. Dá um soco na mesa, fala um palavrão muitas vezes, entre nós, e busca uma alternativa", declara.
Ele também pôs dúvida sobre a confiabilidade das urnas eleitorais, sem provas. "A essência da democracia é o nosso voto. Se você votar no João, não interessa quem seja o João [... o voto] vai para ele. [...] Temos como comprovar isso? Não", disse. "Que democracia é essa, quem querem botar no poder?".
PF apreendeu vídeo de reunião com "dinâmica golpista" na casa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Na gravação, Bolsonaro diz, sem provas, que haveria um acordo secreto do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que "estaria passando por cima da Constituição. "Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros", diz, segundo a transcrição da PF que consta na investigação.
Imagens ajudaram a embasar operação da PF de ontem, que apreendeu o passaporte do ex-presidente. Na decisão que autoriza a ação, o ministro do STF Alexandre de Moraes escreveu que a reunião "nitidamente revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte".
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