Conteúdo publicado há 9 meses

Gleisi critica troca de domicílio de Rosangela Moro, que responde: 'Chora'

A deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), criticou a troca de domicílio eleitoral da deputada federal Rosangela Moro (União Brasil), eleita por São Paulo, para o Paraná. A esposa do senador Sergio Moro (União-PR) rebateu: "Chora, Gleisi".

O que aconteceu

Gleisi diz que Rosangela e Sergio Moro provam "desprezo pela população paranaense" com a troca. A petista acusou o casal de mudar os domicílios eleitorais para São Paulo "quando pensavam estar na crista da onda" e "achavam o Paraná pequeno demais para eles".

Petista também aponta desrespeito de Rosangela por ter sido eleita por São Paulo, com 217.170 votos, e mudar o domicílio para o Paraná. "Quando o plano de ser candidato a presidente deu com os burros n'água, o ex-juiz parcial teve de voltar correndo [para o Paraná]. Agora que vai ser cassado, por causa dos crimes eleitorais que cometeu, traz a mulher de novo, para ser candidata na vaga dele", escreveu a petista no X (antigo Twitter) na manhã desta sexta-feira (8).

Rosangela passa a ser uma alternativa concreta para concorrer à cadeira de Moro, caso ele seja cassado pela Justiça Eleitoral. Com a transferência do domicílio eleitoral feita pelo menos seis meses antes de eventual nova eleição, a deputada pode aproveitar o capital político do ex-juiz no Estado natal do casal, em caso de uma eleição suplementar para o Senado no Paraná. Gleisi também é tida como uma possível concorrente para a possível vaga.

São moralistas sem moral! Colocam seus interesses pessoais e de poder acima do interesse público. Nossa gente merece respeito!
Gleisi Hoffmann, em publicação no X

Horas após a publicação da petista, Rosângela compartilhou uma matéria sobre a crítica e disparou: "Chora, Gleisi". A deputada também respondeu ao comentário de um internauta que afirmou nunca ter visto a petista nas ruas de Curitiba: "Pessoas de rabo preso não andam pelas ruas".

Mudança de domicílio eleitoral

A deputada federal Rosangela Moro (União-SP) transferiu o título de eleitor de volta para o Paraná. Em menos de um mês, no dia 1º de abril, o TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) vai começar o julgamento que pode cassar o mandato do ex-juiz Sergio Moro no Senado.

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O senador é alvo de duas ações que apontam abuso de poder econômico e caixa dois praticados na campanha de 2022. Elas foram apresentadas pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e pela Federação Brasil da Esperança, composta por PCdoB, PV e PT — sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesta sexta-feira (8), a empresária Roberta Moreira Luchsinger acionou a Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo contra Rosangela, por ter feito a mudança. Ela alega que a deputada praticou "infidelidade domiciliar" por abandonar "o eleitorado que a elegeu e, por conseguinte, renunciado tacitamente a seu mandato".

O requerimento pede a perda do mandato eletivo da parlamentar. Assinado pela advogada Maíra Recchia, o texto relembra que, antes de eleita por São Paulo, a deputada tinha o domicílio eleitoral no Paraná. Moro também tentou a transferência, mas a mudança foi indeferida pela Justiça Eleitoral, por ele não preencher os requisitos do vínculo eleitoral.

Em nota, a deputada federal afirmou que a "transferência do domicílio eleitoral é um direito de todo cidadão brasileiro". "A deputada federal Rosangela Moro (União-SP), apesar de ter efetivado a transferência do seu domicílio eleitoral para o Paraná, onde se encontra o seu marido e sua família, continuará a representar o Estado de São Paulo e sua população, mantendo, inclusive, seu escritório de representação aberto na capital paulista e a agenda nas demais cidades do Estado", informou.

Legislação não impede mudança, dizem especialistas

Não há obrigação de que o indivíduo mantenha o domicílio eleitoral no mesmo Estado em que foi eleito, segundo a legislação. O advogado e professor de Direito Eleitoral da Escola Paulista de Direito Alberto Rollo explicou que essa exigência existe apenas para vereadores. Ou seja, juridicamente, não há nenhuma implicação da mudança no exercício do atual mandato de Rosângela na Câmara.

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"Apesar de demonstrar falta de compromisso com o eleitor de São Paulo, não há fundamento jurídico para uma consequência como a cassação do mandato, por exemplo", disse Rollo. Segundo ele, caberá ao juiz designado para o caso definir se vai acolher a representação e, então, abrir um precedente jurídico.

"Domicílio eleitoral pode ser onde você mora, onde trabalha, lugar onde você tenha algum vínculo social, patrimonial. Apesar de parecer estranho, uma deputada eleita em São Paulo pode mudar o título de eleitor para outro Estado", afirmou o professor de Direito Eleitoral da Escola da Magistratura do Rio de Janeiro Eduardo Damian.

A Justiça Eleitoral examina as condições de elegibilidade, como o domicílio eleitoral, no momento do registro de candidatura. Então, em tese, segundo Damian, não vai haver nenhuma consequência para Rosângela por ter feito a mudança. Entre os cotados para concorrer à vaga que poderá ser aberta caso o ex-juiz seja cassado, estão a presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT-PR), o ex-senador Alvaro Dias (Podemos-PR) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).

(Com Estadão Conteúdo)

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