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Sakamoto: Se Nicolás Maduro perder Lula, isolamento ficará insuportável

Se o mandatário venezuelano Nicolás Maduro perder o apoio do presidente Lula, o isolamento da Venezuela no continente americano ficará insuportável, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta sexta-feira (29).

A Embaixada da Venezuela pediu hoje uma reunião ao governo Lula. O pedido veio após o presidente e o Itamaraty terem feito nesta semana críticas abertas ao processo eleitoral no país.

Se o Maduro perder o [apoio do] Lula, o isolamento venezuelano no continente americano, vai ficar insuportável.

Tudo que o governo Bolsonaro falava, o governo Maduro utilizava para seu proveito. O governo Lula restabelece relações diplomáticas e tenta fazer diálogos, vai em Barbados [onde houve acordo com os EUA e a Venezuela], tem todas as mesas de diálogo, faz pressão nos bastidores. Lula inclusive foi bastante criticado, e com justiça, por fazer demonstrações públicas desnecessárias porque tinha que manter o diálogo.

Agora ele finalmente deixa claro publicamente: assim não dá. Aí a Venezuela quer conversar, quer dizer 'olha, veja bem'. Lula tem que bater o pé. Porque se por um acaso a oposição não for inscrita no pleito venezuelano, [...] se a eleição venezuelana for um jogo de cartas marcadas como está se desenhando que é, é mais do que uma questão de derrota para o Brasil. Vai ser um problema para o continente americano.

O Brasil deixou claro que está tentando, mas não faz milagre em política internacional. [...] O Brasil precisa de uma certa estabilidade, não só por comércio, não só pela questão dos refugiados, mas porque sua influência e projeção geopolítica depende da paz na região.

Kalil: Lula só ganha com posição institucional em vez de improviso

A antropóloga Isabela Kalil elogiou a posição brasileira, de emitir uma nota questionando o impedimento de mais uma candidata da oposição nas eleições presidenciais da Venezuela.

O que a gente teve agora, ou seja, o governo brasileiro emitiu uma nota. Então é um texto bem pensado, é um texto oficial. Esse é o caminho certo a se fazer, porque é um caminho diplomático. Isabela Kalil, antropóloga

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Isso está muito acertado, porque as declarações do Lula em entrevistas —e às vezes nem são entrevistas—, [...] e Lula diz uma coisa de improviso e pega muito mal para a opinião pública, dá munição para a extrema direita. É uma coisa facilmente evitável, inclusive, muitas das falas do Lula no calor do momento, não refletem a posição institucional do governo brasileiro. Lula, de uma certa maneira, não perde, muito pelo contrário, só ganha tendo uma posição mais institucional. Isabela Kalil, antropóloga

O que aconteceu?

Lula declarou ontem (28) que a situação das eleições na Venezuela é "grave" e que o Brasil irá acompanhá-las de perto. As críticas estão em linha com uma nota do Itamaraty publicada na terça (26) que marcou uma mudança de tom em relação ao regime de Maduro.

Na nota, o Itamaraty havia questionado o fato de uma candidata oposicionista ser impedida de entrar na disputa pela presidência venezuelana. O texto afirma que, "esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelana, na noite de ontem [segunda-feira (25)], o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país".

O posicionamento brasileiro revoltou Maduro, aliado histórico de Lula. Na quarta (27), o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela divulgou uma nota-resposta que chama o texto do Itamaraty de "intervencionista" e "parece ter sido ditada" pelos Estados Unidos.

Na última semana, a oposição a Maduro denunciou problemas para registrar candidatura no país. A coalizão PUD (Plataforma Unitária Democrática) disse ter sido impedida de acessar o sistema para inscrever Corina Yoris, indicada por María Corina Machado. De última hora, outro nome da oposição (Manuel Rosales, ex-rival de Hugo Chávez) decidiu (e conseguiu) se inscrever para enfrentar Maduro nas urnas.

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Na última semana, a oposição a Maduro denunciou problemas para registrar candidatura no país. A coalizão PUD (Plataforma Unitária Democrática) disse ter sido impedida de acessar o sistema para inscrever Corina Yoris, indicada por María Corina Machado. De última hora, outro nome da oposição (Manuel Rosales, ex-rival de Hugo Chávez) decidiu (e conseguiu) se inscrever para enfrentar Maduro nas urnas.

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Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

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