UFPR revoga títulos de doutor honoris causa de 3 presidentes da ditadura
A UFPR (Universidade Federal do Paraná) revogou nesta segunda-feira (1º) os títulos de doutor honoris causa concedidos a Humberto Castelo Branco, Artur da Costa e Silva e Ernesto Geisel, três dos cinco presidentes do Brasil durante a ditadura militar (1964-1985).
O que aconteceu
Conselho Universitário votou para cassar honraria concedida aos militares. A reunião de hoje durou pouco mais de duas horas e meia.
Uma análise em documentos históricos encontrou registros nas atas do Conselho Universitário que confirmam a concessão dos títulos. Humberto de Alencar Castelo Branco foi homenageado em 31 de julho de 1964; Artur da Costa e Silva, em 18 de setembro de 1968; Ernesto Geisel, em 13 de janeiro de 1976 (com entrega em 16 de janeiro de 1981).
Para reitor da UFPR, revogação dos títulos foi "medida necessária". Ricardo Marcelo da Fonseca lembrou que os três presidentes foram articuladores e executores centrais das políticas de repressão durante a ditadura militar, além de "condutores de regimes de força que levaram adiante horrores, torturas, mortes e supressão de direitos, de liberdades e da própria democracia".
Momento é de reafirmar compromisso com o futuro, completou Fonseca. Ele também citou a memória das pessoas que sofreram as "injustificáveis violências" da ditadura. "Precisamos assegurar que as novas gerações que entrem pelos portões da UFPR sintam-se sempre mais conectadas com os melhores valores democráticos. Precisamos ser melhores amanhã do que somos hoje", defendeu o reitor.
A nossa instituição renovou hoje seu compromisso com a democracia, com a memória, com a verdade, com a justiça, com o presente e com o futuro. Ditadura, nunca mais!
Ricardo Marcelo Fonseca, reitor e professor titular da UFPR
A nossa instituição renovou hoje seu compromisso com a democracia, com a memória, com a verdade, com a justiça, com o presente e com o futuro. Ditadura, nunca mais!
-- Ricardo Marcelo Fonseca (@ricardo_marcelo) April 1, 2024
60 anos do golpe
Decisão acontece um dia após 60º aniversário do golpe militar. A articulação contou com a participação de civis e militares e começou logo após a posse do então presidente João Goulart, em 1961. Quase três anos depois, em 31 de março de 1964, iniciava-se a ditadura de 21 anos que cassou direitos políticos, torturou e matou adversários e censurou a imprensa.
(Com Estadão Conteúdo)
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