Conteúdo publicado há 7 meses

MTST apaga post com foto de Jesus crucificado após críticas: 'Inapropriada'

Após críticas, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) apagou nesta quarta-feira (3) um post que mostra Jesus crucificado acompanhado da mensagem "bandido bom é bandido morto", publicada em seu perfil no X (antigo Twitter).

O que aconteceu

Postagem foi realizada na última Sexta-Feira Santa (29), data do feriado cristão que relembra a crucificação de Jesus. "Boa Sexta-feira Santa!", escreveu o MTST na legenda da imagem. O post teve mais de 1,5 milhão de visualizações. A frase "bandido bom é bandido morto" é usada por uma parte da direita brasileira que defende a eliminação de criminosos como solução para o problema da segurança pública que atinge o Brasil.

Post foi excluído cinco dias após a publicação. No texto, o MTST declarou que coordenação nacional do movimento fez uma reunião nesta quarta para tratar do tema.

A coordenação disse que considerou que postagem foi "inapropriada" e, por isso, deletou das redes sociais. "Reafirmamos o respeito às religiões cristãs e o compromisso com a liberdade de manifestação religiosa", escreveu o movimento em uma publicação no X.

Movimento afirmou repudiar "as lideranças bolsonaristas que tentaram fazer uso político da situação". Pré-candidatos a prefeito de São Paulo e parlamentares de direita criticaram o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) por causa da publicação. Boulos, também pré-candidato, não integra mais o MTST, onde foi uma liderança e militou por 20 anos, mas ainda tem a imagem ligada ao movimento.

O ex-presidente Jair Bolsonaro tentou ligar Lula ao post. Na publicação feita no Instagram, Bolsonaro compartilhou uma notícia sobre a publicação do MTST com uma foto de Lula ao fundo, usando um boné do movimento. O registro é de abril de 2022, quando o petista visitou condomínios construídos pelo MTST com recursos do Minha Casa Minha Vida ao lado de Boulos e Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda.

Anteriormente, o MTST chegou a dizer que faltou interpretação sobre a publicação. O movimento usou a passagem bíblica de Lucas, capítulo 23, para se justificar. "A falta de interpretação da imagem e da mensagem desse post é de se impressionar", escreveu o movimento, horas depois da primeira postagem. Apesar da ressalva, o grupo continuou sendo duramente criticado.

Críticas da direita

O prefeito Ricardo Nunes (MDB), principal adversário de Boulos e que frequentemente busca associar o deputado do PSOL com a extrema esquerda, disse que a postagem era "de cortar o coração". "Essa turma do Boulos só ataca a tudo e a todos. Estou indignado", escreveu ele também no X (ex-Twitter).

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O emedebista e outros opositores costumam explorar a ligação do rival com o MTST o chamando de "invasor". A fala faz referência ao instrumento utilizado pelo movimento social para pressionar o poder público a atender reivindicações sobre moradia popular.

Boulos, por sua vez, diz que o movimento não invade casas e, ao contrário do que afirmam seus críticos, dá moradias para as pessoas. Ele acredita que sua política habitacional, caso seja eleito, desestimulará invasões. "Hoje, você tem de um lado um problema social e do outro você tem uma resposta inadequada do poder público municipal para o problema habitacional", declarou ao Estadão no início de março.

"Guilherme Boulos busca o apoio dos evangélicos ao mesmo tempo em que seu grupelho de invasores blasfemam Jesus no dia de sua morte!", disse Kim Kataguiri (União). "Logo em um dia tão importante para os cristãos, o MTST do Boulos usou a crucificação para comparar bandidos e Jesus. Como é possível alguém cogitar que esse rapaz seja prefeito de São Paulo?", escreveu Marina Helena, que disputará a prefeitura pelo Novo.

Aliados de Jair Bolsonaro (PL), que apoia Nunes, também criticaram Boulos. "O MTST, movimento do atual candidato a Prefeitura de SP, o invasor Guilherme Boulos, ataca frontalmente a fé de milhões de brasileiros, justamente em um dia sagrado para o cristianismo", declarou Fábio Wajngarten, assessor e advogado do ex-presidente.

O deputado federal por Minas Gerais Nikolas Ferreira (PL) afirmou que a publicação "enterrou" a candidatura de Boulos, enquanto o presidente do PP, Ciro Nogueira, cujo partido apoia a reeleição do prefeito paulistano, disse que o MTST desrespeitou Jesus.

"Usar a imagem de Jesus, em plena Páscoa, para compará-lo com um 'bandido' e, assim, reprovar as abordagens violentas que todos condenamos, não só é falta de respeito. Boulos prova que é um desequilibrado e São Paulo não pode cair nas mãos de um desequilibrado que não respeita sequer Jesus ou a fé alheia", escreveu o senador pelo Piauí.

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(Com Estadão Conteúdo)

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