'Esqueci meus livros, estou liberado', diz Haddad após ser cobrado por Lula
Após o presidente Lula (PT) cobrar que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, passe mais tempo na articulação política, "ao invés de ler um livro", Haddad disse a jornalistas, nesta segunda-feira (23), que "esqueceu os livros em São Paulo e está liberado".
O que aconteceu
Conversa sobre a reforma tributária. A declaração de Haddad, em tom de brincadeira, ocorreu no final de uma entrevista a jornalistas, na qual foi questionado sobre as expectativas para a entrega da reforma tributária ao Congresso. Haddad disse que acertou detalhes sobre o projeto com Lula e deve apresentá-lo na quarta-feira.
Na entrevista, Haddad também afirmou que gostaria de comparecer a um encontro dos líderes do Congresso Nacional previsto para terça-feira (23). A reunião ocorrerá na residência oficial de Lula e terá a presença dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Mais cedo, o ministro já havia comentado a cobrança de Lula por mais articulação com o Congresso, dizendo que "só faz isso da vida".
Lula cobra ministros
Cobrança de Lula ocorreu durante o lançamento do programa Acredita, no Palácio do Planalto, em Brasília. O programa consiste em medidas de crédito e renegociação de dívidas para MEIs (Microempreendedores Individuais) e micro e pequenas empresas. Tramitará no Congresso em forma de medida provisória, e precisará de aprovação do Legislativo em até 120 dias para continuar vigorando.
Lula disse que o PT tem poucos congressistas num universo de 513 deputados e 81 senadores. Por isso, cobrou que os ministros sejam mais atuantes.
Isso significa que o vice-presidente Geraldo Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem que, ao invés de ler um livro, perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social, o Rui Costa, ministro da Casa Civil, [tem que] passar uma parte do tempo conversando.
Lula, em evento
Petista afirmou que o governo precisa conversar com diferentes bancadas. "É difícil, mas a gente não pode reclamar, porque a política é exatamente assim. Ou você faz assim ou não entra na política", falou.
Declaração ocorre em um momento de crise entre o governo e o Congresso Nacional, o que coloca em risco a aprovação de projetos de interesso do presidente. Na última semana, Lira chegou a chamar o ministro das Relações Institucionais (responsável pela articulação política do governo Lula com o Congresso), Alexandre Padilha, de "desafeto pessoal" e incompetente".
(Com Estadão Conteúdo)
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